A Harpa, o Fogo e a Esmeralda
"Que lindo é o incêndio visto por uma esmeralda", Nero, enquanto voam fagulhas que cheiram a cadáveres, como passeiam os dedilhados pela harpa. Pelo chão, os corpos esturricados são provas de um crime extremado. "O fogo nunca é deixado ao destino, ele mancha no mundo o acaso". Neste mundo de queimados e ateadores, quem é que pode pegar no códex e alegar-se moralmente superior? Quando todos nós jogámos fósforos em busca do domínio da vida alheia? Quando aqueles pobres não são mais desesperados que estes desesperantes, que se pensam ricos? Neste mundo vestem-se as sombras como véus, como cerejas no topo de bolos, por cima dos corpos e nunca por debaixo do sol; neste mundo em que a sombra é um chapéu, quem é tem o delírio de calçar saltos e considerar o certo e o errado? Quem é que pode ver de cima o que o fogo domina? (E que alta tem de ser a torre). Se podemos admitir que há uma jóia em cada um de nós, constantemente lacerada e lentamente transformada quer pela...