A janela, o mergulho e a janela
Como é que se volta a uma vida passada? Quando dentro da casa só vejo um jogo de fumos e espelhos, miragens, promessas e mais espelhismos olho pela janela. Mas quando olho para fora da janela, só tenho dores de cabeça e os ventos dão-me vertigens. Como é que se retoma o caminho de ferro depois de ter descolado num avião? Cada casa é um esconderijo, cada um tem a esconder o que tem a esconder, não há cofre sem o que tem dentro. Ou melhor, há, mas que surpresa se pode ter na indecisão? De que me vale um gato vivo e morto se não o posso enterrar nem brincar com ele? Quiasmo desnecessário. E onde é que se vai com esses bens materiais de capoeira que se escondem? Em que é que o ter tem mais de ser-se uma pessoa que o sentir? A posse é um acrescento, uma aproximação que faz analogia entre a proximidade gravítica em torno de uma pessoa e aquilo a que se dá o nome de identidade, assumindo a sua existência, como um biólogo a falar de unicórnios. A sensação não acrescenta, altera — é reacç...