Chama a flutuar
Não há nada de novo debaixo do sol; mas há ficar-se debaixo do sol num dia de folga. Por muito que aqui um dia livre não o pareça por não se poder partilhar. Ficar debaixo do sol fez-me cheirar o passado: houve um dia de Março, talvez o primeiro dia da Primavera que foi realmente solarengo; tinha voltado da escola para almoçar e o tempo para voltar para a escola era cada vez menos. Mas deitei-me ao lado da piscina, não valia nada mais a pena do que estar ali debaixo do sol. E agora abrem-se os olhos para o por do sol no presente. As nuvens não podem ser pintadas, não há tantas cores na palete como as que estou a ver. Há uma chama a flutuar no canto entre o horizonte e a janela em primeiro plano. Flutua num movimento descendente e as nuvens reflectem o brilho da chama — a distância faz aumentar o contraste deste grande ovo estrelado azul e branco no céu. Há momentos em que a música quer acabar e eu não o posso permitir; que crueldade! E a hipnose dela? Não é por sua vez cruel? Leva-me...