Athenæum
uma vez apresentei-me como acedioso, não por naturalidade, queriam eles, mas por dissidência. dissidência: até de uma apreciação étnica por expressões como "tem razão" ou "é verdade". não tenho razão, nem pretendo dizer verdades, sou preguiçoso. e acho que o fulcrum é mesmo esse: o preferir não fazer ou não dar seguimento à expectativa. naqueles tempos, decidi-me a trocar as voltas a um gestor de grandes projectos e fiz o que disse: apresentei-me como acedioso, pedindo logo perdão. nas seguintes sessões à sua presença, fui tirando um e outro pecados teológicos, quais coelhos, da cartola da conversa, gerando um padrão. os presentes poderiam dizer: faltam dois. eu questiono se entretanto me terão perdoado a acedia. que raio poderia eu fazer com sete pecados, se isso só atestava a estruturação de que me pretendo descentrar. querer ser distinto por volição pode parecer um ímpeto bárbaro, mas: e os primeiros dissidentes? os que inventaram deus? o que é que fizeram, para