Matinal
Aqui, no meio do gelo por onde raia uma aurora triangulada por hipotenusas onde a luz colide, reflecte e refracta em tudo aquilo que toca no meio destas grutas, vejo arestas às musas. Desta varanda pode ver-se a reversibilidade dos abismos o reflexo do rio no céu e ninguém duvida da superioridade volumétrica do domínio do Paraíso quando oposto a Neptuno. Só o gelo rasga ar e mar como o cisne corta a simetria numa fotografia, num Talbot original. Aqui, onde um narciso se apaixonou (e voltou a apaixonar), por cada um dos seus vários reflexos: Ao mais ligeiro movimento, mais um olho doirado por quem derreter. Aqui, na fractalidade caleidoscópica onde as flores não crescem, multiplicam-se, sublima e re-sublima.