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Isaías 43:19

ai quando eles virem o Ennui virar aurora e como o trópico de lado é horizonte se tiverem a esperança de que o mal não é provável a toda a hora. ai quando souberem como veneno gera mel e como a malícia mal escrita é carícia mental se viverem com a crença de que a hora é a hora e não há tempo para fel. ai quando sentirem o gelo tornar-se abraço e o calor de no verão dormirmos separados se arderem com potência de um girassol que reza até à lua. ai quando eles ouvirem a morte apreciá-los enquanto os vivos fora de horas se matam se seguirem a nebulosa não haverá mais noite fastidiosa.

danse macabre

agarro na caveira do Hamlet e solicito: — sorris para mim enquanto eu sorrio para ti? dá-me a tua melhor dança macabra! giras em voltas e danças tão alegres, a paixão escarlatina, de delirar, de escarnecer, sussurro-te: abracada-arca, não é preciso rimar, quando é amar ou sofrer. vamos lá! dá-me a tua melhor dança macabra! até o tempo e a dança marcarem o mesmo ritmo, deixa às ondas o baptismo gutural, pelo fogo purificar o que Prometeu feito anarca algum dia carregar, não preciso rimar para decidir o que fica e onde vai parar. vamos lá, dá-me a tua melhor dança macabra! tremem-te as pernas, estremecem os músculos, entre cartas e xadrez, vamos mascar rosas, larga as tesouras de podar, que ainda nos vamos cortar... para quê rimar, se já imploras sem desejar. vamos! dá-me a tua melhor dança macabra! quantas vezes o meu nome? no vazio de outra caveira procuraste em vão o ouro do meu olhar? quantos pactos com Deus pensas que nos vão perdoar? não vou rimar, se é isso que de mim estás a espe...

de feridas e escritas

 afinal é o trauma um diamante esculpido. de várias facetas timbrado. de vários flocos efeitos. observável pela vesguice e pela nitidez. da prudência e da avareza. da gula e do vómito. da luxúria e da cristalina vergonha. Vénus do Nilo e sangue de Milo. lá está diante de mim, o Caos de todos os olhos e todas as jaulas, bem abertos, bem cerradas, repletos da minha própria fúria descarregada. o cemitério de todos os meus pedestais. de antigo testamento na língua, com o contrato por assinar na mão, já rabiscado. e dizem-me para ter cuidado, que o Caos nunca vai desaparecer e vai continuar a consumi-los até que eu descubra uma maneira de esculpir o tal diamante que persigo. as fantasmagóricas árias de todos os zombies ainda vivos, as guitarras eléctricas que me dizem que voltar para trás seria tão mais fácil. os nunca mais ecoados nas gargantas dos corvos, como unhas em ardósias, que me agitam a vontade de viver por medo.  é uma tempestade.  é ensurdecedora. e a quatro, ou oi...

à nossa! (queda)

refrão: — ou tudo o que resta, ou então tudo o que foi, mas de certa maneira doravante  o direito ao perdão, ao erro e à prestidigitação. ou estrabismo, ou nitidez, estalagminto? estalagmentem? não sei que dizem, mas não confio em nenhuma das vozes. no calmo olho do nosso furacão tempestuoso, aonde não há demora, nem chegada, nem abrigo, seca-me os lábios com o teu beijo.

balada do sapo eremita.

em torno da volta: nada me deixa mais feliz. sempre a arder por excesso de zelo o incenso não intensifica o bom-senso, na deriva, o declive, a órbita do eremita. eu deixei voar o balão de vidro e na algema cristalina da sua liberdade confirmei a majestosa joia do amor.

minar amor na Temu

talvez já te devas ter apercebido que o amor é um minério ténue. o baile das picaretas tem de ser orquestrado ao som de Für Elise . os diamantes são sempre fugitivos e as suas arestas iludem-nos com manchas de carvão refractadas. e é perfeitamente normal que confundas um espectro de luz divina com um escarro nestas condições. o contexto em que tudo acontece e em que nos procuramos mover são sociais lamas movediças. daí a dança: daí a valsa da lama acima ser mais útil que o movimento extenuante do breakdance de esqueletos num telhado. bem sei que tenho o meu esqueleto no telhado e que não o consigo puxar aqui para baixo. ossadas fugitivas do meu telhado, porque não regressais? porque danças sem mim e não me levais? ao som de van Beethoven, vou-me, invertebrado, mexendo em direção a fulgores que também se tingem da cor da merda. e cinjo-me a um lento e encantador minério de tudo o que vai aqui em baixo. sem dieta de éter ou de hélio para me anestesiar ou levitar e agarrar no corpo que f...
 afinal, é sobre estas letras ou por debaixo delas mas refractam, diametralizam,  assimetrizam, vectorialmente recortam as direções tomadas pelas arestas de gelo descritas em torno do tal fenómeno esse aí mesmo o preciso caso onde vejo um cubo de gelo descongelar respingar pingar decair no ar