minar amor na Temu

talvez já te devas ter apercebido que o amor é um minério ténue. o baile das picaretas tem de ser orquestrado ao som de Für Elise. os diamantes são sempre fugitivos e as suas arestas iludem-nos com manchas de carvão refractadas. e é perfeitamente normal que confundas um espectro de luz divina com um escarro nestas condições. o contexto em que tudo acontece e em que nos procuramos mover são sociais lamas movediças. daí a dança: daí a valsa da lama acima ser mais útil que o movimento extenuante do breakdance de esqueletos num telhado. bem sei que tenho o meu esqueleto no telhado e que não o consigo puxar aqui para baixo. ossadas fugitivas do meu telhado, porque não regressais? porque danças sem mim e não me levais? ao som de van Beethoven, vou-me, invertebrado, mexendo em direção a fulgores que também se tingem da cor da merda. e cinjo-me a um lento e encantador minério de tudo o que vai aqui em baixo. sem dieta de éter ou de hélio para me anestesiar ou levitar e agarrar no corpo que foge em histeria enquanto escorrega pelas telhas. é tudo tão desajeitado nestas lamas. e os movimentos, mesmo suaves, mancham testes de Roscharch nas paredes, que moderno. e da metamorfose da borboleta ao incêndio de um orfanato vai um coelho-pato. engasgo-me na reputação à espera da próxima melhor cacetada das picaretas: um híbrido de todas as outras, o protótipo divino de delírio e fastígio. demasiado rara para se viver, e demasiado estranha para dela se morrer. as anteriores desvaneceram neste notório diamante minado do conceito de amor, revendido a preço de desconto na Temu.

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