e(c)lipse

as cores trocam-se enquanto não olhamos. cada piscar de olhos é um baralhar de cartas que se propõe à confusão. nós mantemos os códigos, diálogos e estereótipos semiótico-simbólicos das coisas, mas elas dão esse salto mortal-pirueta-encarpado pelo simples motivo de nos enlouquecer e causar discórdia. mantém-se uma só: a transparência das poças do chão e das bolhas de sabão, das pingas no ar e do próprio ar a rodear. reflexo ou aparência vazia, promete um outro algo para além de si. se não é cor, o que é? se um nome for cor, que falta de condignidade é ter uma linguagem? institui-se o intermédio da cor que é o não-ser, que é o estar para lá a mais do estar lá que a preside. essa transparência preenche-se da promessa da outra cor e essa outra cor, traidora, violadora de princípios lógicos, salta de ramo em ramo e engana pássaros. olho para ali e na distância há aquilo, no meio nada, mas há aquilo ali. todas as promessas são embustes, fastídios propositados por uma cósmica que ultrapassa a cómica-lógica do aparente mundo matematizado.

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