44. // Whitman

É hora de me explicar—levantem-se.

Aquilo que é conhecido, eu dispo,
Comigo mergulham todos os homens e mulheres no Desconhecido.

O relógio indica o momento, mas o que é que indica a Eternidade?

Já exaurimos triliões de invernos e verões,
Há outros triliões adiante e outros seguem depois. 

Nascer trouxe-nos riqueza e variedade,
E outros partos trazem riqueza e variedade.

Não considero uma coisa maior que a outra,
Aquilo que preenche o seu período e lugar é igual a qualquer outro.

Irmão, irmã, dizes que a humanidade é assassina ou invejosa de ti?
Então lamento por ti, pois, para mim não são nem invejosos nem assassinos,
Tudo tem sido gentil comigo, não tenho encontros com o lamento
(O que é que eu tenho a ver com a lamentação?)

Sou o auge das coisas cumpridas, sou o aproximador das coisas que vêm.

Os meus pés atacam o ápice dos ápices nas escadas,
A cada passo montes de eras e outros maiores entre os passos,
Tudo abaixo, devidamente viajado, e eu ainda aqui sigo e sigo.

Subida após subida os fantasmas seguem-me com vénias,
E, ao fundo, vejo o primeiro grande Nada, e sei porque é que ainda lá está,
Esperei sempre sem ser visto, e dormi pela neblina da letargia,
Tomei o meu tempo e não sofri no fétido carbono.

Longa, longamente—durante muito tempo fui abraçado.

Fizeram-se tantas preparações para eu chegar,
E os fiéis e amigáveis braços dos meus ajudaram a dar-me à luz.

Ciclos carregados pelo berço, a remar, a remar como bons-barqueiros,
Pois as estrelas deixaram espaço para mim nas suas órbitas,
Enviaram influências para olhar por quem me abraçava.

As gerações guiaram-me até nascer da minha mãe,
O seu embrião nunca foi torpe, foi insubstituível.

Na neblina, o óvulo aderiu a um globo,
Longos, lentos estratos empilhados para pousar,
Vastos vegetais foram a sua vantagem,
Quimeras que me transportaram nas suas bocas e me depositaram com cuidado.

Todas as forças têm sido firmemente empregues para me completar e deliciar,
Agora, neste sítio, retenho a minha robusta alma.

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