Tentativa número x+y

Fascina-me a capacidade complexificante do Homem. A necessidade brutal e animalesca de requerer uma presença do invisível no visível, do ausente no presente, uma determinada angústia pela morte e a portuguesa saudade agarraram-se aos nossos mais íntimos arquétipos existenciais, a nossa psíque já não funciona - talvez por também ser uma materialização do desconhecido - sem este nosso poder simbólico.

Desde os primórdios da comunicação fazemos alusões em diferido ao terceiro, gerando-se assim distorções espacio-temporais semânticas. É mesmo ancestral esta técnica rupestre de representar na perfeição a nossa caça essencial ou teórica - o mundo passou para dentro de nós através da semiose, o poder de dar um nome é o poder de apreender algo dentro de nós. Aqui, entram em conflito os tão simples conceitos de interior e exterior.

Numa acepção lata podemos afirmar que não existem limites para a representação: o invisível perde o misticismo quando ouvimos falar de partículas de oxigénio e hidrogénio; o irreal passa a existir no nosso imaginário de quimeras, dragões, ninfas e sagitários - e aqui, a palavra "imagem" vê-se apropriada por um novo sentido menos estrito, o da ligação da fantasia à realidade; mas a questão que aqui se impõe não é se existe ou não, mas se é representável.

Encontramos, então, a problemática da imagem: da mesma origem que todas as outras questões fulcrais do Homem, do cogitar, do cogitar a presença e a ausência, os limites da visibilidade e da representação, os elementos da imagem, o seu exterior...



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