Fábricas do fundo de um Abismo
havia egípcios menos subnutridos
e os hieróglifos sempre pareceram
mais misteriosos e menos nebulosos
contigo, em Babilónia nunca se falou tão bem,
a mão dada com a face da chapada
e o amor seriam diamantes a cair do céu
mas o futurismo traz progresso e o que vem a seguir
a tão instável, e sempre surpreendente,
pandemia das ideias que acontecem
(melhor que a dos factos ainda idealizados)
separo a água doce de mais sal que se mistura
mas nem as lágrimas na chuva diluem tanto sódio
estalactites de diamantes suscitadas por maquilhagem
as gárgulas de anjos são canhões de tanques
e levanta-se o fumo roxo da maldição
repara, vida, aqui vou eu outra vez!
maximizas a idealização, a sensação é nada
voltaste à masmorra dos costumes para mais uma tradição
e já nem amaldiçoas deus para pedir permissão
é só mais um, é só mais, é só... qual o mérito da solidão...?
e surge a mesma electricidade, dos cabelos puxados acima
o orgasmo consumado sobre mais um fantasma esguichado
os teus olhos imploram por brilhar
luzes de fábricas, lodosas, do fundo de um abismo
(e os meus o espelho seco de um areal)
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