november rain.

"I can see a love restrained"


abri o novo livro, entusiasmado. as primeiras páginas pareceram-me fáceis de ler, tão fáceis de viver, tão fáceis de reescrever. tudo tão branco - página, tinta e livro. mas a chuva levou isso. previamente avisado, abateu-se sobre mim um dilúvio, não mais asas me cobriam - apanhei com a chuva, despejada que nem baldes e baldes de água fria - tão ameaçados.

repetições, repetições, repetições, repetições, já nada fazia sentido nem explicado vezes sem conta. ilegalidades? também as consigo ter, fazer sentir. sempre me preparei para a vida como que para um teatro, sempre exercitei os meus papeis - mas isso é outra história próxima.

"até mesmo os anjos seguem seus perversos esquemas" 


para quê? de que me servem seus esquemas agora?
como ultrapassam a realidade e continuam na minha percepção?
porque são transversais e seguem apenas uma única linha simples?

o livro mudara subitamente, era agora velho, amarelado, tinta desgastada e páginas dobradas. o que era, do que passava? para mim, um tesouro, livros velhos, jóias da minha casa - guardá-los, mas onde? como se guarda uma vida desgastada? porque mantenho eu o teu diário se tudo se quebrou?

e agora choro, vejo as minhas próprias contradições, vejo-me a fazer perguntas em vez de lhes dar respostas. sempre me vi a responder, nunca a perguntar, mas não há nada mais a responder e o mundo decompõe-se em perguntas que me lideram a mais perguntas e a porquês que geram mais porquês. tudo é uma véu dissipante, porque tudo foi um erro inexistente, porque tudo pode ser corrigido mas não o é.

e agora vejo o livro arder, nada lhe faço, observo o lume, não há que mais fazer... espero que o dilúvio mo apague e deixe as cinzas.


"everybody needs somebody, you're not the only one"

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