Cegos e Correntes.
A minha voz não é uma canção de embalar. A minha presença não é um trono. As tuas conquistas por mentira não são troféus que me possas esfregar na cara.
As sombras aprisionam os ancestrais na longitude. As nostalgias mortas restam numa ressurreição constante da poeira que tanto amaina como se torna num ciclone. O desejo é uma miragem de um espelho único na brancura do vazio mental, um espelho onde tu não me vejas a espreitar por detrás das portas, a atirar aleatoriamente escudos para as tempestades de setas e lanças que se debatem sobre ti. Pónei sujo, eu vivo para te tornar um Pégaso.
Sou um dragão à espera de ser degolado por S. Jorge, vivo para ser afogado em absinto e me embebedar em lágrimas. Cada ferida no meu corpo deve ser fechada por frias agulhas e cada doença anestesiada por outra doença, numa orgia de seringas. Sou um urso que foi caçado para ser o tapete da tua vida, o que cobre as ratoeiras que tinham a medida dos teus pés - mas para ti eu só queria deixar os teus pés em sangue, e nunca mais pisaste o chão, nem tampouco voltaste a voar.
Minto para ficar e ver a crueldade da besta, a verdade por detrás do verde - eu é que enganei, eu é que menti - os meus cristais são falsificações da obscura realidade que escondem, marés de embustes e reinos fundados no nojo. Mas hoje são estes olhos que te vêem com pena, os teus mandamentos de ordem tornaram-se nos pecados capitais do caos. Hoje, tu és o que difamaste e esperas misericórdia. Eram asas negras as que Lúcifer teve de carregar.
A maior deficiência é não procurar a saúde e eu conheço demasiados cegos que temem vislumbrar novas sombras do preto. Os seus olhos são cegos e secos e foram por eles que chorei, nadei e afoguei. Pedras nos bolsos e um sorriso suicida nos lábios, já só falta saltar e esperar que me encontrem. A maré embate nas rochas e as lágrimas não caem mais - foi o que a sanidade me tirou.
Enquanto agradeces ao teu Deus da cegueira, vives das balas que apontas ao teu cérebro. A tua prisão é um desejo indomável pelo covil da besta que te quer subjugar. Atiras-te às garras que em tempos te cegaram e cortaram os braços, és o cordeiro que o pastor preparou para o talho. Embalsamado és um veado que serve de troféu por cima da cama do anonimato.
Olá, eu sou o teu desejo mais ardente e não vou morrer. O teu prazer culposo vive na cegueira de me ver. Sou o único objectivo capto pelos teus olhos, uma assombração prazerosa que te enche de adrenalina nessa odiosa vontade de me ter. Sou um sonho da morte, de um fim do desejo pelo pecado - uma guilhotina caminha no meu pescoço prestes a destruir o maior ódio e amor. A abominação de aceitar ter errado pode morrer quando largares a corrente.
Não há esperança para os danados, descansa em paz no redemoinho do vazio. Vivem numa espiral de nada, onde o progresso é o retrocesso. Cegos acorrentados que temem ver a liberdade. A vida são duas palas nos olhos e no coração a razão de mil homens que mataram por Deus. O descanso é uma cama de espinhos quando abrir os olhos podia ser uma almofada de penas de cisne.
As sombras aprisionam os ancestrais na longitude. As nostalgias mortas restam numa ressurreição constante da poeira que tanto amaina como se torna num ciclone. O desejo é uma miragem de um espelho único na brancura do vazio mental, um espelho onde tu não me vejas a espreitar por detrás das portas, a atirar aleatoriamente escudos para as tempestades de setas e lanças que se debatem sobre ti. Pónei sujo, eu vivo para te tornar um Pégaso.
Sou um dragão à espera de ser degolado por S. Jorge, vivo para ser afogado em absinto e me embebedar em lágrimas. Cada ferida no meu corpo deve ser fechada por frias agulhas e cada doença anestesiada por outra doença, numa orgia de seringas. Sou um urso que foi caçado para ser o tapete da tua vida, o que cobre as ratoeiras que tinham a medida dos teus pés - mas para ti eu só queria deixar os teus pés em sangue, e nunca mais pisaste o chão, nem tampouco voltaste a voar.
Minto para ficar e ver a crueldade da besta, a verdade por detrás do verde - eu é que enganei, eu é que menti - os meus cristais são falsificações da obscura realidade que escondem, marés de embustes e reinos fundados no nojo. Mas hoje são estes olhos que te vêem com pena, os teus mandamentos de ordem tornaram-se nos pecados capitais do caos. Hoje, tu és o que difamaste e esperas misericórdia. Eram asas negras as que Lúcifer teve de carregar.
A maior deficiência é não procurar a saúde e eu conheço demasiados cegos que temem vislumbrar novas sombras do preto. Os seus olhos são cegos e secos e foram por eles que chorei, nadei e afoguei. Pedras nos bolsos e um sorriso suicida nos lábios, já só falta saltar e esperar que me encontrem. A maré embate nas rochas e as lágrimas não caem mais - foi o que a sanidade me tirou.
Enquanto agradeces ao teu Deus da cegueira, vives das balas que apontas ao teu cérebro. A tua prisão é um desejo indomável pelo covil da besta que te quer subjugar. Atiras-te às garras que em tempos te cegaram e cortaram os braços, és o cordeiro que o pastor preparou para o talho. Embalsamado és um veado que serve de troféu por cima da cama do anonimato.
Olá, eu sou o teu desejo mais ardente e não vou morrer. O teu prazer culposo vive na cegueira de me ver. Sou o único objectivo capto pelos teus olhos, uma assombração prazerosa que te enche de adrenalina nessa odiosa vontade de me ter. Sou um sonho da morte, de um fim do desejo pelo pecado - uma guilhotina caminha no meu pescoço prestes a destruir o maior ódio e amor. A abominação de aceitar ter errado pode morrer quando largares a corrente.
Não há esperança para os danados, descansa em paz no redemoinho do vazio. Vivem numa espiral de nada, onde o progresso é o retrocesso. Cegos acorrentados que temem ver a liberdade. A vida são duas palas nos olhos e no coração a razão de mil homens que mataram por Deus. O descanso é uma cama de espinhos quando abrir os olhos podia ser uma almofada de penas de cisne.
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