Privado em Público.

Agora os corpos são menos sombras que dantes - confundem-se com o resto do negro que cobre o mundo e um simples holofote branco não chega para alumiar o que quer que seja. Se adormeces perdes o controlo por horas; se não tens sono esforças-te para arrebatar a ti mesmo - na cama ou no absinto...

Entramos e exploramos a dança interior. Não quero. Mas vamos ali para secar ao frio. Mais um trago que queima e me deixa pega em chamas. Quero voar. Porque é que já se estão a afastar? Tempo? Não preciso agora. Deixem-me só e comigo mesmo no meio da matilha...

Sou um nojo enquanto és tu. Já parti corações pelo simples prazer de; e isto já não é época de caça. De abominável na minha vida basto eu, odeio gente porca. E assim quando esticares o beijo, mesmo no meio da aclamação...

Bolsas de ossos, sangue semi-nulo, espectro do macabro e caprichos. Sou um comprimido para me manter em ebulição e não ser regurgitado. Mas as almas fumam a vivacidade da morte e choram pelas sofredoras. Mesmo neste antro de solidão...

A cidade à meia-noite é a minha igreja. No seio deste mar de constante remorso nadam alguns físicos que já vi nus. Às vistas uns dos outros e são iguais, puras pastilhas elásticas apodrecidas e decadentes coladas no chão. E no meio delas estou eu, coberto do que arranjei...

É uma evasão e uma ilusão, uma fuga do que tenho por passar, uma nuvem ao lado da ponte. As bolhas de sabão que reluziam as cromias de um imaginário. Remover nome foi dizê-lo bem alto. É difícil comunicar com quem já pensaste ver despido, no meio da selva escura...

... vou estar sempre privado em público.


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