A Beleza | O Ideal
— tradução de "La Beauté" e "L'Idéal", de Charles Baudelaire
A Beleza
Eu sou bela como um sonho de pedra, ó mortais!
E meus seios, onde todos se magoam
São feitos para inspirar no poeta um amor
Eterno e mudo, como este mármore.
Assente no azul, como uma esfinge enigmática;
Uno o meu coração de neve à brancura dos cisnes;
Odeio o movimento que desloca as linhas,
Eu nunca choro, e jamais me rio.
Os poetas, diante das minhas grandes atitudes,
Que pedi emprestadas aos mais ferozes monumentos
Consomem os seus dias em austeros estudos;
Porque eu, para fascinar esses dóceis amantes,
Tenho espelhos puros que tudo embelecem:
Os meus olhos, estes olhos arregalados do brilho eterno!
O Ideal
Não é a beleza que as vinhetas ilustram,
Produtos danificados, frutos de séculos desonestos,
Esses saltos altos, dedos em castanholas,
Quem irá satisfazer um coração como o meu.
Deixo a Gavarni, poeta da clorose,
Um rebanho a balir belezas hospitalares,
Pois não encontro entre essas pálidas rosas
Uma flor que se pareça com o meu encarnado ideal.
O coração, abismo profundo, precisa de si
Minha Lady Macbeth, potencial alma do crime,
Sonho de Ésquilo surpreso de climas outonais;
Ou de si, ó grande noite, filha de Michelangelo,
Que se torce pacificamente em estranhas poses
Seus encantos moldados pelas bocas de Titãs!
A Beleza
Eu sou bela como um sonho de pedra, ó mortais!
E meus seios, onde todos se magoam
São feitos para inspirar no poeta um amor
Eterno e mudo, como este mármore.
Assente no azul, como uma esfinge enigmática;
Uno o meu coração de neve à brancura dos cisnes;
Odeio o movimento que desloca as linhas,
Eu nunca choro, e jamais me rio.
Os poetas, diante das minhas grandes atitudes,
Que pedi emprestadas aos mais ferozes monumentos
Consomem os seus dias em austeros estudos;
Porque eu, para fascinar esses dóceis amantes,
Tenho espelhos puros que tudo embelecem:
Os meus olhos, estes olhos arregalados do brilho eterno!
O Ideal
Não é a beleza que as vinhetas ilustram,
Produtos danificados, frutos de séculos desonestos,
Esses saltos altos, dedos em castanholas,
Quem irá satisfazer um coração como o meu.
Deixo a Gavarni, poeta da clorose,
Um rebanho a balir belezas hospitalares,
Pois não encontro entre essas pálidas rosas
Uma flor que se pareça com o meu encarnado ideal.
O coração, abismo profundo, precisa de si
Minha Lady Macbeth, potencial alma do crime,
Sonho de Ésquilo surpreso de climas outonais;
Ou de si, ó grande noite, filha de Michelangelo,
Que se torce pacificamente em estranhas poses
Seus encantos moldados pelas bocas de Titãs!
Comentários
Enviar um comentário