Apneia Ultravioleta

Afunda, desolado, no profundo mar
De enguias. Vês cruzar a barca larga
Da mais velha ceifeira que chega a remar,
A um mar do olvido, que o convés alaga.

Naufrágios sem testemunho ou testamento
Não imploram ao mundo lágrimas ou tormentos.
Aos olhos da ceifeira: tolos corvos do momento,
Debicamos aos afogados o mais velho assunto.

E as enguias! Com as anémonas e as medusas!
Pintam o preto cenário de relâmpagos, ultraviolência
— do electrónico! Artistas, arquitectas da ambiência!

Pode assim o corpo comprazer-se com a queda
— Que não vê, que não ouve, que não sente —
Mas há sempre quem maquilhe a morte de contente.

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