Libra
O sol põe-se sobre o nada de novo; a lua traz uma cara nova para lhe sorrir. À medida que um cai, noutro sítio, só as copas anunciam a alteração para um clima mais frio. O resto fica com esta escura estampa do verde.
Não no meio do deserto. Parece que esta área não foi seleccionada pela valsa cósmica do vento sobre os corpos celestes: a noite é clara. É impressionante como o céu do deserto tem esta limpidez cristalina que as florestas obscuras em que já dormi nunca vão ter. É surpreendente como a musa se imiscui nas inusitadas inóspitas incoerências do destino.
Que padrão tem o belo para se falar de coerência, para além do bailado entre a lua e o sol num cenário estrelado? A lua com a sua inconsistência facial e o sol no seu permanente movimento de nada de novo. E ainda assim é o nada de novo que atrai por debaixo deste cobertor que joguei à estátua que esculpi do mundo: o azar.
Apesar da sagrada lua, na inconstância das suas caras, ser quem melhor representa o azar, a lacuna de padrões, o movimento rotineiro do sol é aquele que realmente ilumina e permite sentir cada aleatório átomo atarantado desta via. O nosso caso é o acaso; por acaso, só se dá o caso no acaso.
Da floresta silenciosa ao deserto silenciado, vi que a queda da luz do sol é que permite a matéria. Alumiar, ver à luz de, esclarecer são expressões de interpretação literária. E a luz do sol é um filtro para o objecto que inquirimos, invisível de qualquer outro modo.
A rotação, sobre si, em volta e em torno de outro, dá a ideia de passagem. Passa o sol - um dia, passa o calor - uma estação, passa um animal - uma vida. Cair e passar são verbos de movimento interessantes que não têm que ver com modos de conhecimento, mas de acção. Um é inevitável na gravidade, o outro é tomado por objectivo numa ponte.
Talvez o que mais motorize esta investigação à sorte seja uma tensão pouco confrontada, apesar de recorrentemente referida, em literatura e, por sinal, na vida: a tensão entre possível e actual. A relação de subordinação desta tensão para com a permissão ou proibição nas mãos da sorte, do azar ou do acaso, e as incertezas e inseguranças que o imprevisível ou surpreendente lançam sobre os modos do conhecimento e, portanto, de acção. Enquanto puder, o peso vai todo para o sol; é o melhor modo de fazer a lua brilhar.
Não no meio do deserto. Parece que esta área não foi seleccionada pela valsa cósmica do vento sobre os corpos celestes: a noite é clara. É impressionante como o céu do deserto tem esta limpidez cristalina que as florestas obscuras em que já dormi nunca vão ter. É surpreendente como a musa se imiscui nas inusitadas inóspitas incoerências do destino.
Que padrão tem o belo para se falar de coerência, para além do bailado entre a lua e o sol num cenário estrelado? A lua com a sua inconsistência facial e o sol no seu permanente movimento de nada de novo. E ainda assim é o nada de novo que atrai por debaixo deste cobertor que joguei à estátua que esculpi do mundo: o azar.
Apesar da sagrada lua, na inconstância das suas caras, ser quem melhor representa o azar, a lacuna de padrões, o movimento rotineiro do sol é aquele que realmente ilumina e permite sentir cada aleatório átomo atarantado desta via. O nosso caso é o acaso; por acaso, só se dá o caso no acaso.
Da floresta silenciosa ao deserto silenciado, vi que a queda da luz do sol é que permite a matéria. Alumiar, ver à luz de, esclarecer são expressões de interpretação literária. E a luz do sol é um filtro para o objecto que inquirimos, invisível de qualquer outro modo.
A rotação, sobre si, em volta e em torno de outro, dá a ideia de passagem. Passa o sol - um dia, passa o calor - uma estação, passa um animal - uma vida. Cair e passar são verbos de movimento interessantes que não têm que ver com modos de conhecimento, mas de acção. Um é inevitável na gravidade, o outro é tomado por objectivo numa ponte.
Talvez o que mais motorize esta investigação à sorte seja uma tensão pouco confrontada, apesar de recorrentemente referida, em literatura e, por sinal, na vida: a tensão entre possível e actual. A relação de subordinação desta tensão para com a permissão ou proibição nas mãos da sorte, do azar ou do acaso, e as incertezas e inseguranças que o imprevisível ou surpreendente lançam sobre os modos do conhecimento e, portanto, de acção. Enquanto puder, o peso vai todo para o sol; é o melhor modo de fazer a lua brilhar.
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