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Ofélia // Rimbaud

I Como um grande lis, flutua a branca Ofélia Na calma e negra onda onde dormem estrelas, Flutua, lentamente, deitada nos seus mantos... — E nos bosques é pelos caçadores procurada. Passam mais de mil anos pela triste Ofélia. Passa, fantasma branco, sobre o lago negro, Passam mais de mil anos por esta doce folia. O lago sugere um romance à brisa da noite. Seios osculados pelo vento que faz da saia corola, Nas ondas embalada, envolvida por um halo; Choram trémulos salgueiros sobre seus ombros, Dobram-se, brandos, sobre o seu branco brilho. Nenúfares gelam em suspiro à sua volta; E, por vezes, ela acorda, tocando num amieiro E escapa-se um passarinho de asas magoadas: — De um ninho canta o cair d'estrelas douradas. II A pálida Ofélia, branca como a neve! Porque morreu, criança, por um rio levada! — Com os ventos que descem da Noruega Sussurram segredos de amarga liberdade; E vem um fluxo, que lhe revira o cabelo, Transporta ao teu espírito estranhos sons; E o teu coração escuta o cant

Estética do Mal // W. Stevens

I.  Estava em Nápoles a escrever à família E, nos intervalos das cartas, lia parágrafos Sobre o sublime. O Vesúvio já rosnava Há um mês. Era agradável estar ali, Enquanto opressivas fulgurações, luziam, Lançavam cantos ao vidro. Podia então descrever O horror do som, porque era um som Antigo. Tentava recordar as frase: dor Audível ao meio-dia, dor que se tortura, Dor que magoa nos termos da dor.  O vulcão tremeluziu outro éter, O corpo treme ao fim da vida. Era quase hora de almoço. Uma dor humana. Havia rosas no café frio. O seu livro Certificava-o da mais correcta catástrofe. Excepto para nós, que o Vesúvio pode consumir  A mais concreta terra em sólido fogo, sem conhecer Dor nenhuma (ignorando os galos que grasnam Para que morramos). Isto é parte do sublime De que decrescemos. E ainda assim, excepto para nós, O passado nada sentiu quando o destruímos. II. Cresciam acácias numa cidade, deitava-se Na varanda à noite. Chegavam cantos Escuros, longínquos, como os dialectos Do sono aflit

Na vitrine do ápice da rosa

De entre as esculturas da glacial galeria Era a rosa a mais rútila, mais vívida — mais que as legendas, mais que o guia! De cada pétala, no fio laminal, Corria orvalho que não era orvalho — O cronómetro do que é de gelo Ao prazer e ermo de cada Troca do dígito no ecrã E o coração, sempre a sofrê-lo — Cada gota: do tempo um retalho. Descongela. Ao calor. Desconsola. Retém-se a rosa gotejante A desfolhar, desflorir em lágrimas O curto tempo da descoberta, O ápice do que é de gelo.

Apneia Ultravioleta

Afunda, desolado, no profundo mar De enguias. Vês cruzar a barca larga Da mais velha ceifeira que chega a remar, A um mar do olvido, que o convés alaga. Naufrágios sem testemunho ou testamento Não imploram ao mundo lágrimas ou tormentos. Aos olhos da ceifeira: tolos corvos do momento, Debicamos aos afogados o mais velho assunto. E as enguias! Com as anémonas e as medusas! Pintam o preto cenário de relâmpagos, ultraviolência — do electrónico! Artistas, arquitectas da ambiência! Pode assim o corpo comprazer-se com a queda — Que não vê, que não ouve, que não sente — Mas há sempre quem maquilhe a morte de contente.

Curiosidade Derretida

Como o caracol, o poema do mundo se vidra, Remorsos, angústias: blocos de gelo deixam de ser Como eram, ao escorrerem para a torpe e fatal hidra, A deleite no declínio passou a tortura d'água a saber.  Ainda não sorveste deste bloco, ó mortal, Que aguarda as tuas finais impressões digitais — Derrete. Separa. Das tuas lágrimas, o sal — Um sal particular: de sádium e iões, cristais. Derramou-se tudo por cima do livro fechado E em pasta de papel decaíram civilizações Deixado derreter, o poema não foi emendado: Sem demanda ou reviravolta, seca com a aurora Estátua de papel, o livro molhado do bloco derretido, O tempo contado. E mais um rascunho jogado fora.

Esboço // William Wordsworth

O discernimento intelectual do Homem, Quando reunido com este Bom universo Em amor e paixão sagrados pode encontrar Os simples produtos do dia comum. — Muito antes da chegada da hora da bênção, eu Poderia cantar, em solitária paz, o verso conjugal Desta grande consumação:— e, por palavras Que não falam mais do que daquilo que somos, Poderia erguer o sensual do sonho da Morte e derrotar o vazio e o vão Dos mais nobres êxtases; enquanto a voz proclama Quão requintada é a Mente individual (E a capacidade de progresso Da espécie total) para ao Mundo externo Se ajustar:—também ele primoroso— Tema este, pouco partilhado entre os homens— O Mundo externo ajusta-se à Mente; E a criação (por nenhum outro nome Pode ser chamada) que com grandeza misturam Aperfeiçoa:—isto é o nosso grande argumento.

peeping tomfoolery

esconderam-me as maquinações: rodas dentadas pelos ratos e pelos homens —e pelos andróides sem noções. esconderam tudo quanto podiam fiquei obcecado em tirar os véus às estátuas —uma a uma, decapitando-as. alguns imperadores só de fato iam nus e os olhos nos retratos recortados —espreitamos entre estantes, empoleirados. pois, eis que o pano era mármore e há capas que em si são evidências —o Império ao fim da decadência.

Easter Wings // George Herbert

  Deus, que criou o homem em fortuna e reserva, Por tolice perdeu mesmo isso, E decaindo mais e mais Até se tornar Pobre: Mas contigo Ó, deixa-me subir Como rouxinóis em harmonia E cantar neste dia as tuas vitórias: E então a queda irá fortalecer o voo em mim. A minha tenra idade começou com sofrimento E prosseguiu com doença e vergonha. Assim punias o pecado Tanto que me tornei Magro. Mas contigo, Deixa combinar-me, E sentirmos juntos a vitória: Pois se enxertar minhas asas às tuas, Com cada aflição fortaleceremos o nosso voo.

Figura

Interrompida a escultura do conceito sem cinzel, Chego atrasado, num extinto lince da estranheza Com a alquimia dourada que levo pendurada nos dentes, Enredo-me num labirinto de lágrimas: do tétrico ao mítico. Amarrado pelos fiéis ao passado inescusável (A leve âncora do grau zero da água) No aborrecimento do sobressalto prolifera o ofício, Esplendidamente rápido. Do esforço ao júbilo! E para sair da caverna, rumo à gargalhada infantil —para a preservar, louvar, para que nos governe!— Fazendo, assim, da paleta de azuis destes invernos Amiga fantasia, somos comprometidos na loucura! Se o oceano é demasiado grande para ser desconhecido Enquanto procuramos o tom de turquesa que ainda não vimos, Então esta obra só é arte em suporte venal: da pedra ao sangue, Derrete-se a estátua da natureza — dama gorda do pantanal.

44. // Whitman

É hora de me explicar—levantem-se. Aquilo que é conhecido, eu dispo, Comigo mergulham todos os homens e mulheres no Desconhecido. O relógio indica o momento, mas o que é que indica a Eternidade? Já exaurimos triliões de invernos e verões, Há outros triliões adiante e outros seguem depois.  Nascer trouxe-nos riqueza e variedade, E outros partos trazem riqueza e variedade. Não considero uma coisa maior que a outra, Aquilo que preenche o seu período e lugar é igual a qualquer outro. Irmão, irmã, dizes que a humanidade é assassina ou invejosa de ti? Então lamento por ti, pois, para mim não são nem invejosos nem assassinos, Tudo tem sido gentil comigo, não tenho encontros com o lamento (O que é que eu tenho a ver com a lamentação?) Sou o auge das coisas cumpridas, sou o aproximador das coisas que vêm. Os meus pés atacam o ápice dos ápices nas escadas, A cada passo montes de eras e outros maiores entre os passos, Tudo abaixo, devidamente viajado, e eu ainda aqui sigo e sigo. Subida após subi

Matinal

Imagem
Aqui, no meio do gelo por onde raia uma aurora triangulada por hipotenusas onde a luz colide, reflecte e refracta em tudo aquilo que toca no meio destas grutas, vejo arestas às musas. Desta varanda pode ver-se a reversibilidade dos abismos o reflexo do rio no céu e ninguém duvida  da superioridade volumétrica do domínio do Paraíso quando oposto a Neptuno. Só o gelo rasga ar e mar como o cisne corta a simetria numa fotografia, num Talbot original. Aqui, onde um narciso se apaixonou (e voltou a apaixonar), por cada um dos seus vários reflexos: Ao mais ligeiro movimento, mais um olho doirado por quem derreter. Aqui, na fractalidade caleidoscópica onde as flores não crescem, multiplicam-se, sublima e re-sublima.

Com que então, o Sábio // Verlaine

 Com que então o Sábio, banido Por ter amado as coisas, Tornado prudente ao infinito, Sem inquietações tediosas, Além disso, voltado ao Deus Que fez os olhos e a lâmpada, A honra, a glória e os ateus, Cuja alma o candor seduz, O Sábio pode, doravante, Assistir aos pecados do mundo E seguir a canção do vento. E contemplar o mar profundo. E segue, calmo, e passa Pela violência das aldeias, Como um pobre na Ópera, Cansado de ver danças feias. O mesmo, — e por acalmar O orgulho, que lhe enviuvou a alma, Ao passado tem de regressar, A este passado, como a um fluxo calmo, Vai lembrar-se da erva nas margens, Vai escutar o dilúvio que chora Sobre a felicidade morta e os erros Que vão suceder a esta hora!... Vai amar os céus e os campos, A bondade e a harmonia ordenada, E será doce, mesmo com os ímpios, Por fim, a sua morte seria abençoada. Dedicado e nunca exclusivo, Será a partir do dia de agora: O seu coração, verdadeiro contemplativo, O trabalho dos homens conhecerá. Mas quando voltar das p

A Água

Não é na corrida nos riachos soltos, Das lágrimas destes séculos de poetas, Que montado em saltos altos para pisar lodo, Encontro quem esclareça águas como estas. Como canta Quixote—poeta da poesia—, O torção superficial do riso em mágoa; E não encontro, nos sabores do rio e da maresia, Um filtro que torne mais límpida esta água. E o que excede este abismo do pastoril (geográfico, artístico, espiritual), Alice,  É a lógica do poderoso sonho do crime: Quando aquela grande Noite, a de Van Gogh, Preenche pacificamente o profundo azul De sorrisos roídos pelas bocas dos Titãs!

A Frieza

A Beleza, o trono azurite da turquesa prometida, Torna o coração separado da neve — como um cisne Petrificado pela inspiração — na tundra, uma investida: Existir só para chorar e nunca se poder alegrar. A frieza dos morais!, como um sonho infernal, Corrói o poema com o olhar, funde-o em artéria! E fascina nos entediados uma piada — o Ideal —, Nupcial, mas tétrica como a própria matéria. As artes derretidas nas costas das beatitudes, Que oferecem alma às propostas orgulhosas, Derretem as horas em repúdio das atitudes; É que para inspirar as próximas filósofas, Quis ser o cinzel para os mais belos mares de rosas: Nos olhos cilindradas, escuras, mortas.

O Azar

Comovido ao calor, quieto na solidão, O espírito, como um vento gélido, Na delonga da última pulsação, Desliza dedos pelo sonho relido. Para moldar um cisne tão reluzente, Esculpes—e com tão pouca audácia! Aproxima os lábios—lâminas, líquidas: O Gelo é alma e a Forma temporária. Sombras e imagens congeladas, Nas mais frias cavernas dos pólos, Surgem em vapores, entre as esmeraldas... — Foi muita tinta esquecida Com o frio, sob a ponte, pelo gelo, Na luz, longe do calor da vista.

Furacão de Esmeraldas

"Inelutável modalidade do visível: Fecha os olhos e vê." — James Joyce Franqueei às ideias um facto: não era o que queria, nem o que imaginei, não é justo, nem consensual, é espantoso e fui eu que fiz. Um furacão de esmeraldas botânicas! — tintura das jóias, tecidos dos sonhos — giram as páginas do livro amarelo aberto e derrama-se um delta que ficou por beber. Agora cospe ramos e ramos de rosas, voam os trajectos da cor dos dentes-de-leão e dos dentes dos lótus — senhores das próprias poses e do que está nos seus nomes. Os cactos do deserto numa constelação que toma a forma com que eu os esculpir! Mas, se fechares os olhos para ver, são, ainda (e porém), bolhas de sabão! As armadilhas de Vénus rebentam em fogos-de-artifício, cheias de água na boca! Que mais pirotecnia se pode fazer? Ao fluorescente tufão, junta-se a neve de diamantes, absorvida pelo orvalho das carnívoras. Narcisos tiranos e vinhas sádicas que fluem em improvisados bouquets . Espanta-te a naturalidade com qu

Fantasia Memorável // Blake

Uma vez vi o Diabo numa pira, que surgiu ante um anjo sentado, numa nuvem, e disse o Diabo: "O culto de Deus é honrar as suas bênçãos noutros homens, cada uma de acordo com o seu génio e amar os mais grandiosos acima de tudo. Quem inveja ou calunia os homens grandes odeia Deus, pois não há outro Deus." O Anjo, ao escutar isto, ficou azul; mas recompondo-se, ficou amarelo e, por fim, branco, rosa e a sorrir, respondeu: "Seu Idólatra, não sabes que Deus é Um? E não está Deus manifesto em Jesus Cristo? e não deu Jesus Cristo a sua sanção à lei dos dez mandamentos? E não são todos os outros homens pecadores e nadas? O Diabo respondeu: "Podes esmagar um tolo num almofariz com trigo e nunca lhe vais tirar a loucura. Se Cristo é o maior homem, deves amá-lo no mais alto grau. Mas ouve como ele deu sanção à lei dos dez mandamentos: não é verdade que escarneceu do Sábado e do Deus de Sábado? Não é verdade que assassinou aqueles que foram assassinados em seu nome? Não é verdad

Sucesso pós-Acaso na rua

 o Acaso é roto pelo lançar dos dados:  a manifestação rocambolesca é simplificada  e desfeita num resultado.  a Acção pode então ser tomada.  lança o dado,  vê o resultado  e salta as doze badaladas até  ao Sucesso em Vida que é ruptura das múltiplas miríades  que só se conhecem por contemplar  e o Tédio é anulado pela acção tomada.  a Miséria não tem de ser partilhada.

Prometeu Libertado [Excerto] // Shelley

É sofrer dores que a Esperança pensa infindas; É perdoar erros mais obscuros que a morte e a noite; É desafiar Poderes que parecem omnipotentes; É amar e é carregar; é esperar até a Esperança criar Do seu destroço a coisa que mais contempla; Não é mudar, hesitar ou arrepender; Isto, como a glória do Titã, é ser Bom, grande e alegre, belo e livre; Isto é que é Vida, Gozo, Império e Vitória!

Igitur [Ele sai do quarto] // Mallarmé

No sonho puro de uma Meia-Noite que se engole e cuja Clareza se reconhece, que só resta num aceno mergulhado na sombra, procede uma esterilidade em torno da palidez de um livro aberto que a mesa apresenta; página e decoro ordinários da Noite, fica só o silêncio de uma língua antiga, proferida por ele, na qual, revolvida esta Meia-Noite, se evoca a sombra finita e nula por estas palavras: Eu sou a hora que me deve tornar puro.

Tinian // Holderlin

Como é doce perdermo-nos Na mais sacra selvajaria, E beber das tetas da loba Essas águas que vagueiam Desde os lagos campestres Para chegarem até mim,              Uma vez selvagem, Mas agora, como órfão, acostumado ao velho gosto. Na Primavera, quando outras asas Regressam ao calor dos bosques...               A descansar, ermita, Entre os salgueiros Repletos de fragrâncias Onde as borboletas Misturadas com abelhas E os teus Alpes Divididos de Deus Separados do Mundo e lá onde ficam Armados, A vaguear como querem, sem noção de tempo               porque, ao azar do esgar do falcão, ou, por outro lado, Enquanto gladiadores, decretam os Deuses Estes sinais externos serem marcas de nascença A cuja descendência o Ocidente pertencerá;               Algumas flores Não crescem da terra, mas saltam Em terrenos soltos da sua vontade, São reflexos dos dias E não é justo arrancá-las, Pois são douradas, Preparadas apenas para se serem a si, Desfolhadas, até, Que nem pensamentos.

Metropolitano // Rimbaud

Iluminações 28 Metropolitano .. Do distrito indigo, dos mares ao oceano, sobre o sabre rosa e laranja que lavra o céu vínico vêm montados a atravessar as avenidas de cristal habitadas incontinentes por jovens famílias pobres que se alimentam das árvores. Raro o rico. — A vila! .. Do deserto de betume foge a direito em desvios com as toalhas de brumas escalonadas em bandas horríveis em direcção ao céu que se recurva, que recua e que recede formado pela mais sinistra e negra fumarada que possa deixar o Oceano em luto, os capacetes, as rodas, os barcos, os traseiros. — A batalha!  .. Levanta a cabeça: olha a ponte de madeira arqueada; as últimas hortas de Samaria; estas máscaras iluminadas à chama da lanterna açoitada pela fria noite; a pequena sereia de robe brilhante, ao fundo da ribeira; os crânios luminosos nos planos passos — e as outras fantasmagorias — O campo. .. Os caminhos bordados de grades e muros, contêm por pouco seus bosques e as atrozes flores que chamaram dores e cores, D

partir pedra

 a aula da pedra fez-me querer jogar playstation senti a hipnose da monomania a pedra é a pedra é pedra pedra pedra as coisas têm pesos, tamanhos e realidades. os heterónimos lá andavam na bulha o faro do tigre corria atrás da linha e eu preferia jogar playstation ao ruído da pedra a ser pedra ser pedra pedra e das coisas com pesos, tamanhos e realidades. eu rabiscava as relações possíveis entre os nadas actuais e a questão interessante, realmente, era: qual é o ganho da pedra a ser pedra ser pedra perda ou das coisas com pesos, tamanhos e realidades? costumo pastar outras ovelhas, um rebanho vermelho—nuvem de hemoptise— a cavalgar contra o tédio da pedra ser só uma pedra ser só pedra ser pedra pedra perda e das realidades, tamanhos e pesos das coisas.

radiante.

por tudo o que não foi e não será montaram as constelações um candelabro e essa luz radiante ainda brilha. por tudo o que não foi e não será (permanente desalinho) guarda-nos bem. surgires foi — o teu tempo foi — tu és para sempre.
surpreso pelo silêncio sufocado pelo soluço voz solta e sórdida de fora vai para dentro (o silêncio engoliu os meus prantos) sem gelo nas veias para poder prosseguir vi vencer todas as velas e esperam os espelhos a espetar  o dedo (e a sorrir!) na crista da ferida.

noch ein Nachtflugel

eu não tenho causas, eu só tenho síntomas, eu posso remover as causas, ficam os síntomas, mesmo sem causas: os síntomas. e se tirasse os síntomas, localizaria as causas? e se remover os síntomas, ficarão as causas? e se me tirar a mim e o resto ficar igual? I'm doing so swell, why is everything else?  só mais uma noite, só mais uma fuga.