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A mostrar mensagens de novembro, 2012

Escuro do Sol

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Caiu do sol um anjo a arder. magoado, transtornado - os seus berros de inconsciência repercutiam nas paredes, regressavam e revoltavam. A família observava, estupefactos com o seu igual em chamas. Tanto futuro possível para a pureza do fogo. O ardor caiu no esquecimento, o anjo abriu as asas, "pai, onde é que está a minha pistola? dizem que a guerra começou!" Os escritos prescritos eram a sua sabedoria, ensinado nas artes da dúvida - essa tendência que de humana tinham os anjos. "Diz-me, diz-me onde está? deixa-me ir sozinho, deixa-me ir sozinho, não preciso de ninguém, não preciso de ninguém". Os novatos aprendem a ler, assim são mandados - ao menos algo do que é nosso nos seja explícito, mas mesmo assim não aproveitou, continuou a olhar para o sol para sentir a mesma cegueira da dúvida e aceitá-la: não se pode olhar para o que não se vê. Era a filosofia da sabedoria dos mais reflectidos aos mais loucos, pensava eu. Sempre que as portas se fechavam neste circo, o

Jim Morrison

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(paráfrase a Fonte de Sangue, Baudelaire) Ondas de um mar preto-sangue coagulam, Onde espanta-espíritos mal-nascidos já morrem. Na prostituída pauta um vago murmúrio, vejam!, Mas os tactos na tinta um tanto-nada sentem. Pelas portas de pérolas pretas, vou petrificado, Por entre pirâmides espectrais e absortas, Cedo a sede pela santidade da sabedoria A embriaguez divina nunca me saciou. Os mapas líquidos borram fronteiras certeiras, Recuso-me às voltas mentais da perdição; O adultério do absinto vê para lá do desumano! Ninguém vai levar de ti a minha alma, No amor banhei o fluído no estático e vice-versa; Tem sido um leve peso sentir que respiro por algo.

Auto-Cronografia Pseudo-Empírica

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Estrelas que no céu benzem todas as águas, Gritos guturais pela cegueira que vejo frontal Balas a rasgar véus negros por entre diamantes, Deixando-me completamente fora de mim. Redimam a minha não-tão-sã-mente, Não estou seguro no mais onírico paraíso, A inocência inscreve-se rasgando as veias. São vermelhas-hemoptise, as fulgurações-azuis. Toda a noite me ocupo de preocupar, A meio do sonho volto-me de me revoltar, Não há tempo para o contratempo de respirar. Rezo um poema final, para sempre fugir daqui, É esse nosso eterno desejo, o de não viver. Aqui.

Progresso, Regresso e Ambos

"Tudo o que tenho em mim é medo" , seria o epitáfio ideal. Nasceu para apreender o irreal como lei e das mentiras em que acreditou moldou o seu mundo. Na sua solidão criou a besta interior que, tanto temia, como usava para meter medo aos mais próximos - e viu-se abandonado. Viveu o medo de ser e não ser aceite pelo normal, temia todos os mundos que em si encerrava, por neles não viver. Magoou-se por tentar saltar mais alto quando a alma lhe foi o grilhão mais pesado. Apaixonado pelo mar só respirou as suas lágrimas, por não alcançar a altura procurou a profundeza, e essa era outra mentira a encobrir. Caiu, caiu, caiu e nunca se quis levantar - a preguiça era o alento de continuar a respirar. Observou aquários com minucia microscópica, por não entender como poderia para sempre abraçar o oceano-pai. Mas o coração foi a bóia mais leve, e nunca chegou a afundar. Um dia viu o terreno ser invadido pelo etéreo quando por fim viu um fim. Quedou paralisado num sítio isolado,