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A mostrar mensagens de dezembro, 2015

A Minha Bela, Obscura e Retorcida Fantasia

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Se Ulisses e Páris se dessem todos bem,  Havia flechas a voar pelo fim deste ano. Parece que Tróia montou um cavalo contra mim,  Cada vez que estou na rua oiço - Aproxima-te, criança, cala-te de uma vez por todas, e ouve bem: Tu podes pensar que já espreitaste o que havia a ver, mas não te enganes. Aquilo que vês é a versão aguarelada, com os contornos do Principezinho, E a aparência complicada da Máquina de Turing de madeira do vizinho, Onde os bits parecem corresponder às imagens, e o conhecimento ao que emanas. O que há no mundo, o verdadeiramente maquiavélico, O que nunca foi retorcido e se manteve primogénito, O beijo-dentada da boca do inferno que está pelo frio do Inverno Foi mascarado há já muitos, muitos éons atrás, Não fossem os pobres acusar-nos da paz. Parece que tudo é louco e sentimental, mas o facto é melancólico e lacrimal, Soluções obstinadas, adições entrelaçadas, ficções congeladas, A vontade de comer mais sobrepõe-se a viver mais, É impossível su

O Póstumo Bailado do Cisne Negro

Ontem foi o momento de refractar a luz verde do farol. Hoje é outro dia para pôr em dia a despedida odisseica. Amanhã vamos fingir dos nossos pesados seres maiúsculos. A minha vida tem de nadar em notas, como o tempo, paga o que deves. Oscilei na indecisão do talvez, no cemitério está o coração embutido numa parede de papel amarelo. I Gritos sufocantes não alcançam céus, condensam ondas dolorosas. Magoam ouvidos esses menos cintilantes berros que a poesia-dada pode conter. Começa o ano como se começa a vida, a gritar e aplaudir a insegurança, de caminhar a quatro patas, Édipo. Pega num rolo de tinta e tinge a branco estes campos, vamos embora, Quixote. II Tu, um viciado matematizado conta pesos e medidas? Colocas o comprido comprimido na mesa para o veres desaparecer. Tal como o Joker fez o homem engolir um lápis. Lambem-se os frutos proíbidos das mesas para não se desperdiçar. III As púrpuras flores primaveris em jardins de granito são companhias que saram a solidão. Senti

Les Morts Ne Parlent Pas

Excelência, como vai a miséria? Disseram-me que os mortos não falam. Mas há uma propensão cadavérica à estimação, ao amor pelas larvas. O veneno fica-te bem, a palidez é claramente a tua cor. Olha a verdura da inveja encher veias, e o pavoneio sobre essa fossa no chão. Ladrões no tempo. Ter o dom narrativo de subir, escolher, dissecar e volver. Mais do que isso só te vi o menos que preferiste mostrar. O queixo ganha músculos de tantas vezes se levantar. Imagina o resto do corpo cujo oceano é um mar de tinta negra petroleira. Tanta gente a nadar para cima em torno da luz. Tão poucos vêm que lá em baixo há um brilho tão mais estranho. Se alguma coisa, posso pedir honra entre os ladrões? Ou esperar que os moliceiros afundem e com eles os legados. Expatriar para ilhas pacíficas o que me foi expropriado? Insultos uma vez em brincadeira, duas vezes a caminhar a prancha, três vezes, um oceano é um caixão. Disseram-me que os mortos não contam histórias. Tu ensinaste-me a calar um segr