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A mostrar mensagens de julho, 2022

Matinal

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Aqui, no meio do gelo por onde raia uma aurora triangulada por hipotenusas onde a luz colide, reflecte e refracta em tudo aquilo que toca no meio destas grutas, vejo arestas às musas. Desta varanda pode ver-se a reversibilidade dos abismos o reflexo do rio no céu e ninguém duvida  da superioridade volumétrica do domínio do Paraíso quando oposto a Neptuno. Só o gelo rasga ar e mar como o cisne corta a simetria numa fotografia, num Talbot original. Aqui, onde um narciso se apaixonou (e voltou a apaixonar), por cada um dos seus vários reflexos: Ao mais ligeiro movimento, mais um olho doirado por quem derreter. Aqui, na fractalidade caleidoscópica onde as flores não crescem, multiplicam-se, sublima e re-sublima.

Com que então, o Sábio // Verlaine

 Com que então o Sábio, banido Por ter amado as coisas, Tornado prudente ao infinito, Sem inquietações tediosas, Além disso, voltado ao Deus Que fez os olhos e a lâmpada, A honra, a glória e os ateus, Cuja alma o candor seduz, O Sábio pode, doravante, Assistir aos pecados do mundo E seguir a canção do vento. E contemplar o mar profundo. E segue, calmo, e passa Pela violência das aldeias, Como um pobre na Ópera, Cansado de ver danças feias. O mesmo, — e por acalmar O orgulho, que lhe enviuvou a alma, Ao passado tem de regressar, A este passado, como a um fluxo calmo, Vai lembrar-se da erva nas margens, Vai escutar o dilúvio que chora Sobre a felicidade morta e os erros Que vão suceder a esta hora!... Vai amar os céus e os campos, A bondade e a harmonia ordenada, E será doce, mesmo com os ímpios, Por fim, a sua morte seria abençoada. Dedicado e nunca exclusivo, Será a partir do dia de agora: O seu coração, verdadeiro contemplativo, O trabalho dos homens conhecerá. Mas quando voltar das p