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A mostrar mensagens de setembro, 2015

traumdeutung

há um novo determinado linguagismo a seguir. trilho de íris de borboletas atlas. asas sem desenhos, asas que não são mapas. nem constelações apesar de fazerem parte. mas quero ser simples, mantendo um discurso do silêncio desacreditado e incrédulo. tenta parecer o maus humanesco possível. um zé-ninguém a tentar compreender uma nova arquitectura mental. focas olhos em olhares. não em sequências desesperadas. não os sigas. fixa, foca, quem são? desconcentraste-te. voltaste a escorregar. em ti mesmo. já não estás a ver. é como se te liquidasses ou liquifizesses, tanto faz. verdade seja dita, já não estás a ver. não são lágrimas. está tudo enublado. ou talvez não. talvez esteja tudo direito e o problema, não seja, de todo, visual. as nuvens são mentais. se existe psicologia, estas nuvens manifestam esse... velcro da alma que se mascara de astúcia. que pinta quadros sobre reconfigurações de quadros. que metáfora. onde molduras não são molduras, nem os sonhos sonhos. há sempre algo d

decadência

não se sofre para além do poético. para além do vómito no palco, da fotografia inglória do sorriso demasiado forçado. talvez metamos na cabeça que sim, mas não se sofre para além da impostura. de um eu negativo que diz que não diz. que não tem para além da máscara que ganha pó a cada puxar do lustro. muitos sins que são nãos. o que não é propriamente sofrer. e dizê-lo? e forçá-lo num martírio de vanglória? num suicídio remediável? na vela do barco sobre a qual pintaram um furo ou projectaram um fogo? e eu não sinto a cara. talvez seja outro desses momentos em que o céu não arde mais nas costas que as picadas de mosquitos. talvez esteja a remediar com remendos as fracturas por preencher da vida. da realidade, quiçá? a memória é um quadro pintado de manchas, manchas visíveis, através das quais é impossível ver. não é translúcido, isso sei. admita-se que passou do olho ao cérebro a tintura negra do nada, do vazio, do impreenchido. o que podia muito bem ser branca transparência, é tintur

pela praia

à noite os nossos desertos são pardos. mas naquele dia fui cartógrafo de areias negras. bem podia ser petróleo e manchavas o sonho. mas era só erosão de cristais de estanho. as esfinges contam espelhismos pelas esperas. as unhas segredam partos de epiderme que nunca chegou a brotar. não como as memórias. nada se revive, especula-se à distância a incerteza do que passou. sobram laços escarlates, grossos como as ondas da água turva. amargos como a obrigação de chupar o cano a uma pistola. encontras-te sem dissolver na solução de tudo. se as frases se escrevessem em mais do que uma direcção: deixaste em paz.