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A mostrar mensagens de fevereiro, 2021

Aridez e espelhismos

Vi-te beijar espelhos poeirentos, Dos que se formam nos cantos Dos bocais de água, fina farinha, Uma traça em busca de uma flama: O fósforo torna-se cúpula E a alma despede-se das asas. Vi-te beijar reflexos nojentos, De tácteis impressões e Desbotadas sombras digitais: Vestígios de vectores, Dactilográfica separação onde O corpo se refracta. Vi-te beijar espelhos poluídos, Quando sintonizei que não estavas, Que a estática que havia de antes Da criança a regredir a camelo: Antes do pó se acumular Numa crina branca enevoada. Vi-te beijar reflexos poeirentos E tive inveja de não ser eu  A beijá-los: a seguir  Ao vidro que nos separa O que mais sobra é próximo De um reflexo feito flor.