Estalactite
Serpenteia nas estalactites da cúpula da caverna um dragão longo: ao som ecoado dos articulados harpejos dedilhados pelas suas garras numa harpa escarlate, ao clangor tonitruante das suas escamas esmeralda. Canta da morte, do súbito, do sublime, da glória e da difamação, encerradas na bolha de sabão que é este tecto. Submerge para cuspir sementes, embarcações, quiçá entoar um nada harmónico, dedicado aos intervalos das coisas. Dos topázios que tem por olhos fulgem raios que derretem em lágrimas o que ninguém dava por emoções. Também tu, querido leitor, serás raptado e envolvido pelo dragão: de cadência, às constelações de safiras, subterrâneas e virtuais. Fez tronar hediondas tumbas, para abrir o chão tumultuoso e das raízes negras destes caracteres fazer brotar estátuas de gelo — de que ainda reluzem faíscas turquesa. Inspira e empina o nariz, adianta-se desprovido das estalactites que, ao acordar, limpou dos olhos — lacrimosas estóicas. Para trás deixou as estalagmites de que fazia j
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