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A mostrar mensagens de agosto, 2023

O prosaico na campa de Paganini

Na campa de Paganini Vi duas estátuas conversar Disso tenho a certeza!  Estavam à vista e não nas visões, Eram de mármore e não de gelo, Acenavam, apontam e confirmam O lugar de quem Por pactos Electrificou os violinos Com o sombrio. Falaram dos jardins por onde se param Leões — e dos quantos que sujaram De sangue a via de lírios, com dentes Cuspidos — fragmentos ao acaso E em cada um, os restos das pessoas, Os restos das caras gastas, De quem sabia em que sítio fica o quê. Sugeriram a palavra “Anestesia!” Antes que a verrina soasse Vinda numa arcada do sepulcro. Tirem-me as dróseras e os ramos de rosas, daqui. Recordam o sol do meio-dia Na cemitéria, em que tu esqueces Com o GPS, o tabaco e o tablet A vaga fútil de calor e desejo, Ai sentida onda da aurora tenra... E eu contei-lhes o quanto ansiei Pela grandeza de ver o mapa e ler o céu, Para fugir na crista que não se quebra Do nosso país, que nunca existiu.