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A mostrar mensagens de janeiro, 2013

No Berço de um Órfão

Quão animalesco é viver para construir propósitos?, de nós sobra o que não nos resta, só tristes moléculas. Criámos o paradoxo de desabrochar em algo que desconhecemos, vomitando-o à nossa medida de passos numa história. E que epopeia seria esse nosso rito de destinos! Romance da tristeza de existir, ou realismo irónico que é ser-se para não ser. Para quê a liderança alheia, quando nascemos sós, paridos a gritar de um pavor contraditório: da segurança do escuro-quente para a incerteza da luz-fria. Adormecemos neste berço de órfãos, sós e cogitantes, no arrulho gelado de saber, no paradisíaco coma de fingir.

fucked up shit number something

Não fales. Ninguém acredita que estas coisas podem acontecer. Tanto no topo duma montanha, como no fundo do oceano. Nunca fales. Não é que me preocupe ou queira saber o porquê. É o puro sarcasmo e a arrogância de adorar a felicidade e a tristeza. Nem te expliques. Conjecturas não faltam, para nós nada são. Promete-me a mais pura comunicação e deixa-me neste abismo despido e morto.

... sobre a cultura enquanto tesouro global

Beatas cadentes da varanda em sinal de fadiga pela sumptuosidade que é a subversão. Crescemos tanto sós, num nós despersonificado que foi a regulação do cogitar. Estremecem-nos as veias pela tensão que é admitir que criámos mais que podemos manter em nós e agora a humanidade são nomes soltos de glória e fama por isto e aquilo: o suposto nós é um real eu de fora que se centra na sua arrogância de descobrir ou denominar. Os momentos que fizémos para nos sentirmos altruístas são autênticos momentos de egoísmo e puro nacionalismo: um imperialismo cultural. Destruímos a experiência dos outros quando propagámos a nossa como dogma, e cada vez mais creio que a escrita foi realmente uma dádiva que nos infectou de forma crónica, num paradoxo que é saber e partilhar ou ignorar por não partilhar. Enquanto os campos são muitos e os interesses escasseiam nuns lados para proliferar exponencialmente mais noutros, a escolha deixa-nos dum lado acultural, e mesmo o que aqui exponho é um crime contra

A Imagem

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A maré trouxe-te aos meus olhos Caíste para não corroer mais. Os sinos tombaram o homem da torre E os sonhos fingiram-se num pedestal-infernal. Tomar o ódio como um ideal é uma metáfora Mas Tu não Creste em mim no gelo E agora prometo-me teu espelho Numa aliança que dará combustível ao sucesso.

Bénédiction?

(Sete teses na decadência da condição humana) Na criação recebi uma chave que chamou um raio de luz e incidiu aqui mesmo. Iluminando o que os olhos não viam e a mente não pensava, mostrou tudo o que ele mesmo percorreu, e o que mil olhos que de mil braços se estenderam viram, ficou aqui preso na liberdade que lhes dei. - Inspiração Libertámo-nos de um pequeno espaço quando nascemos, berrámos de medo pelo incómodo de viver. Crescemos para ver o mundo que se estendia à nossa volta fechar-se na perspectiva finita que temos: quem diria que um horizonte é tão perto? que pensar nos leva a ver o longe sem nunca o ver? O luminoso-quente puxa-nos e o escuro-frio afasta-nos, tão primitiva ainda é a nossa acção. - Ver é Saber Vivemos uma claustrofobia na agorafobia: lá fora estamos presos dentro de nós, pois cada vez mais sabemos o que dantes não sabíamos. A overdose intelectual corrói o cérebro que, pobre coitado, tendo de mais já não sem em que pensar. Envenenaram-nos com o dom da esc

O Terceiro Plano

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De onde estás vês-me em cada espaço branco, no sorriso de cada letra, no desgaste com que interpretas cada palavra. No vazio onde estou, expiro símbolos mortos, ideias paradoxalmente impossíveis, mundos vãos. Mas o nosso sítio toca-se neste possível-impossível mútuo, nesta infinidade na finitude de cada um dos lados. E estes olhos olham-se assombrosamente, na fantasmagoria do saber e na persistência da ignorância. Quem está aonde? e quem é o quê? Para quê esta linha ténue por que ambos caminhamos qual corda-bamba? Porquê estes mundos separados que no fundo são o mesmo? Se eu disser que escrevo, saberás o que eu escrevo, ou entenderás que é isto? Esta catarse já matou demasiados por curiosidade, na desolação de viver sem saber. Entristece-me conhecer a complicação a que chegámos: por vezes, as palavras não são as coisas, mas mantêm a sua beleza na tensão ser-não ser. Este imaginário é um vidro inócuo, transparente e translúcido, uma barreira virtualizada pelos deuses a quem roubámos

Infância

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Oscilo na ideia sem imagem, na perspectiva de coragem e estéticas de graça e paz. Olhos vêem menos que mentem, palavras corroem mais que dizem, todos nascemos da mesma dúvida: Seremos Reais? Ou meros pobretanas?