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A mostrar mensagens de setembro, 2017

A balada do Caos

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Resultas do cruzamento de dimensões e poeiras És privilegiado por respirar Não vês os rios de ouro escorrer? E as pirâmides doidas que fizémos ao passado? Como podes entender? Como podes aceitar? Como não dramatizar? Quanto medo tens de reprimir para dar um passo? E com quanta ansiedade lidas Quando estás prestes a ser alguma coisa? Custa ser por se acreditar num protocolo "Se agora sou isto devo sê-lo e a isso apenas" Esse é o teu tiro no pé Vendem-te os sonhos a preço da alma 33 gramas numa nota, heh, e nem uma linha para cheirar Custam-te os jardins de caminhos bifurcados A possibilidade face à sensibilidade A eternidade face ao tempo E vives como uma estátua prestes a desabar Sem certezas dos folículos que te fazem Todas as mortes que planeaste, Os suicídios ao juízo, Tudo o que podia ser mas ia deixar de o poder Vives tudo como se a Fortuna existisse mesmo Todo preocupado com o karma E todas as vidas dos outros (que consideras "simulação

O caos, a ordem e o tempo

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Eu tive a memória de um futuro perdido, em que o sol se punha sem raios, o céu era cinzento e no vento se sentia o odor a cripta. A respiração ansiosa não descansa, receia vê-lo concretizar-se. Quem lida com o tempo descobre logo um paradoxo eterno: os momentos nascem sabendo que vão morrer antes de se sentirem vivos. O seu único propósito é o de morrer e tornar a morrer para se substituir por uma versão desprovida de memória. Sempre que se aceita a sensação de um momento, vende-se a sensação do anterior e da sua alternativa. Ironicamente, só quem renuncia ao tempo (à sua contagem ou organização) o pode apreender realmente. O tempo pode sentir-se de dois modos. Do modo que é contado pelos vencedores, que se aliam e auto-nomeiam de heróis debaixo da asa da deusa Ordem, que generaliza, faz estereótipos, calcula médias, modas e medianas e ensina à sociedade como se deve viver. Ou, de outro modo, o tempo pode ser sentido tal e como é, na mais pura autenticidade do mundo a que subjaz e,

Fama Engarrafada

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"Toma só mais um golo, prometo que está quase a acabar". O problema da fama engarrafada é que só quando consumida é que faz ver o que traz no fundo. É outra deusa voraz, presa à vaidosa ideia romântica da mulher demoníaca. E nada mais a prende. Não é bem ou mal, é para além da moral. Ver julgamentos apenas no beijo da despedida: o que é eternamente trocado com a terra e os vermes. Mas é apreciadora dos esforços que são feitos por ela. De cada intento suicida em consumir a sua poção. Em teoria, a fama engarrafada actua lentamente no corpo, pode paralisar ou fazer esquecer motivos, criar uma dor tão grande que distrai dos objectivos ou incapacitar, dê por onde der. E há um carrasco que ta dá de beber, trago a trago, cálice a cálice. Ele olha-te nos olhos e faz esquecer a luz verde. Deixa-te apenas a nadar no teu medo do desconhecido. E obriga-te a beber da mais violenta forma. Antes que possas contestar, já a estás a provar. Ouves os iniciados brindar saúde à tua volta, enq