A balada do Caos

Resultas do cruzamento de dimensões e poeiras
És privilegiado por respirar
Não vês os rios de ouro escorrer?
E as pirâmides doidas que fizémos ao passado?

Como podes entender?
Como podes aceitar?
Como não dramatizar?
Quanto medo tens de reprimir para dar um passo?
E com quanta ansiedade lidas
Quando estás prestes a ser alguma coisa?

Custa ser por se acreditar num protocolo
"Se agora sou isto devo sê-lo e a isso apenas"
Esse é o teu tiro no pé
Vendem-te os sonhos a preço da alma
33 gramas numa nota, heh, e nem uma linha para cheirar

Custam-te os jardins de caminhos bifurcados
A possibilidade face à sensibilidade
A eternidade face ao tempo
E vives como uma estátua prestes a desabar
Sem certezas dos folículos que te fazem

Todas as mortes que planeaste,
Os suicídios ao juízo,
Tudo o que podia ser mas ia deixar de o poder
Vives tudo como se a Fortuna existisse mesmo
Todo preocupado com o karma
E todas as vidas dos outros (que consideras "simulação")
E com "como deve ser feito"
(Entes espectrais que estancam as sinapses,
Entraves da saudade na razão)
Então estás realmente morto.

Aposto que não o esperavas,
Nada se deve equiparar a essa exaltação da surpresa
Que deves estar a experimentar
Murmuras para contigo mesmo
"Cravaram-me um punhal no peito
Não devia doer mais?
Porque é que não estou morto?"

Se a vida é fachada, espera que não passe um tufão;
Este seguidor do caos só lhe ama a autenticidade
A glória e o vago receio ansioso

A vida não é um ensaio para o que vem a seguir.

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