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A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

A janela, o mergulho e a janela

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Como é que se volta a uma vida passada? Quando dentro da casa só vejo um jogo de fumos e espelhos, miragens, promessas e mais espelhismos olho pela janela. Mas quando olho para fora da janela, só tenho dores de cabeça e os ventos dão-me vertigens. Como é que se retoma o caminho de ferro depois de ter descolado num avião? Cada casa é um esconderijo, cada um tem a esconder o que tem a esconder, não há cofre sem o que tem dentro. Ou melhor, há, mas que surpresa se pode ter na indecisão? De que me vale um gato vivo e morto se não o posso enterrar nem brincar com ele? Quiasmo desnecessário. E onde é que se vai com esses bens materiais de capoeira que se escondem? Em que é que o ter tem mais de ser-se uma pessoa que o sentir? A posse é um acrescento, uma aproximação que faz analogia entre a proximidade gravítica em torno de uma pessoa e aquilo a que se dá o nome de identidade, assumindo a sua existência, como um biólogo a falar de unicórnios. A sensação não acrescenta, altera — é reacç

Veneno

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Confundes cuspo e lágrimas, Sangue e mel, na lista de compras; Neste pequeno-almoço já estou a fugir à morte. Amar é esculpir nos entre-folhos dos lençóis Uma omelete de gemas gregorianas Enquanto se dança por entre a lia (Glória a vós, Senhor!). E se a vida é um fio que se desdobra Na linearidade que podemos atribuir A novelos de lágrimas, Então só és Pablo se renderes — e bem! Mas: Duvida e cospe, que a coroa endireita-se, Duvida e chora, que os diamantes arrefecem as veias. Não duvido das tuas dúvidas e dívidas, E não cozinho a ignorância nesta frigideira. Enquanto as lágrimas que cuspiste nos olhos Derrapam pelo oco mármore abaixo, Eu vou continuar a sangrar por sucesso. E repara no som do oco, que faz um lindo eco.