Veneno

Confundes cuspo e lágrimas,
Sangue e mel, na lista de compras;
Neste pequeno-almoço já estou a fugir à morte.

Amar é esculpir nos entre-folhos dos lençóis
Uma omelete de gemas gregorianas
Enquanto se dança por entre a lia
(Glória a vós, Senhor!).

E se a vida é um fio que se desdobra
Na linearidade que podemos atribuir
A novelos de lágrimas,
Então só és Pablo se renderes — e bem! Mas:
Duvida e cospe, que a coroa endireita-se,
Duvida e chora, que os diamantes arrefecem as veias.

Não duvido das tuas dúvidas e dívidas,
E não cozinho a ignorância nesta frigideira.

Enquanto as lágrimas que cuspiste nos olhos
Derrapam pelo oco mármore abaixo,
Eu vou continuar a sangrar por sucesso.

E repara no som do oco, que faz um lindo eco.


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