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A mostrar mensagens de julho, 2018

Via de lírios

Interlúdio Quando a cortina reabre, o chão está coberto de pétalas de lírios roxos, com um caminho aberto a meio, de um lado ao outro do palco, o fundo é escuridão. O público pouco dista do palco. A atmosfera é a da calma depois da tempestade, das decisões tomadas pelos dados lançados. Cada peça está onde ficou, cada estilhaço por debaixo de lírios. O estranho caso deste episódio são as flutuações das conversas: cada fala é uma frase que ficou por dizer ao espelho. A maldição, a incapacidade de se olhar ao espelho inverteu-se: o Caos não tem sequer um espelho para que olhar. Estás a apressar demasiado o processo.  Eu estava exactamente onde queria estar. Tu tentaste destruir o Caos porque não suportas olhar para a escuridão?  Porque não suportas aguentar os teus erros?  Pois eu também não suporto o teu tão conceituado sucesso. Não tens de elogiar. Não tens de te preocupar por muito tempo. Acreditas ser melhor que o Caos?  Acreditas ser mais forte do que o Caos?  Ac

Difracção

3ª Cena do Acto II: Ao espelho (O palco vai girando consoante as personagens vão falando.) Voz de fora do palco : Não deixavam falar ninguém, mas por outro lado... Eu : Como é que se consegue o equilíbrio entre falar demais e falar de menos? Entre a histeria e a monotonia? Falar demais sobrecarrega de sentido. Falar a menos não define objectivos. Os adjectivos que acabaste de empregar circunscrevem a pessoa que descreve. Um rei ordenava. Um vilão frustra. Caos : Um manipulador determina. Então é fácil entender que o Caos é quem frustra as ordens, mas acrescenta-lhe estes outros juízos de valor como "verdadeiro Rei" ou "falso Vilão" e verás como se forma uma claque de futebol. É normal encontrar a maldade na vingança da dor, no desengano dos enganados, no caótico que a ordem aparenta não ter. A perfídia acaba por ser uma resposta mais natural à sociedade do que os sorrisos que pomos, filtros que antecedem os filtros com que ainda vamos maquilhar mais a realid