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A mostrar mensagens de outubro, 2011

Superior da Penumbra.

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Colecciono complexos que não iluminam as minhas mais escuras lástimas. A resposta está na minha constante busca de uma nova dimensão, vestindo novas almas, um coração de cada vez. As teorias só me retratam a mim mesmo, vivo numa constante duvida sobre a minha autenticidade, sobre a essência que existe em constante mutação. Um núcleo repetitivo para uma canalização de diferentes ondas e luzes de cores. Hoje inauguro e repito monstros da minha vida. Em júbilo e na melancolia, o coração conduziu-me à obliteração. Copo a copo, gota a gota, todos passam por isto. A solidão rodeada de novidade levou-me ao pânico, à regurgitação vital. E sonhei sobre os ódios mais ancestrais, ouvi as suas vozes digitais unindo-me a eles para novas tramas e dilacerações. Riam-se de mim como que coberto de pós dourados, rosados e brilhantes. Eu vivo no interior, no meio de tudo e nada, onde existem as coisas. Eu sou o que sobra e ao mesmo tempo sou tudo o que alguma vez existiu. Um preâmbulo e ao mesmo

II. Crime e Castigo.

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Eu não sou herói nenhum, nas memórias de ninguém. Qualquer corrente foi desligada e nem esta manifestação a vai voltar a unir. Não quero que ninguém faça parte da minha colecção de lamentos, mas essa aglomeração de espinhos num coração transborda este aquário. Rugidos e assombrações partem corações e traições, Enfrentei o teu povo, demónios e religiões. Nem oceanos, nem anjos obliteram fogos odiosos, Sete cruzes às minhas costas e expiro balas, Acordo espingardeado a cada aurora. Sonhei com tecidos e sons molhados, Caminhei como se a morte fosse reversível. Tal como a minha projecção é um espectro, Este Reino de Diamantes é uma mentira. Cada passo espeta-se no calcanhar Às escuras só reluzem as tuas lágrimas. A minha dignidade não é sanidade E essas tinturas mancham bandeiras brancas. Nem o mais matificante álcool saneou a dor. No útero de um revolver somos mentiras dadas à luz. Raspamos mas nunca rebentamos a miragem que é o nosso alvo - ele move-se; o centro não exis

3. Seis Lanças Num Furacão.

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Eu toquei na face de todas essas ignorâncias, E ajudei o próprio Zéfiro a soprar novos ventos, Reconheci a extravagância destas seringas, Eram lanças que me rasgavam os braços. Não eram drogas, eu vivia na guerra. Os teus dentes injectaram-me de água benta, O sangue, de tão místico e surreal, tornou-se vida, E as tuas asas puxavam os meus punhos de álcool. A tua voz causava dormência aos meus olhos, Mas a firmeza de te alcançar e morrer manteve-se. A lama escorre e essa colher não aquece sozinha. Como pontes num oceano, a inconstância dá-me pressas. A multiplicidade e a única unidade do caleidoscópio, Estas quimeras fazem parte da mesma personalidade, Em vários recantos de um simples cérebro. Estranheza e encantamentos para mudar o invisível. Os dragões deitam-me e tratam-me nessas cadeias, O cheiro a carne não indica que eu seja o seu jantar, Por outro lado, aqui eu serei sempre o meu próprio Rei. Sou a miragem de cristais e incêndios. Mas as masmorras são bura

4. Escudo Diamante.

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Saber corrói. Atingir infecta. A ciência gela a emoção, Os sonhos cristalizam e não precisas mais de respirar. Desaparecemos para o nosso mar, o nosso céu. Chorando ou insurgidos à fúria, Ignorando que os filhos do gelo já foram homens, E é por isso que continuam a sonhar. Na morte os corações não são glaciares, Nem as nossas achas são pó de diamantes. Podemos facilmente vomitar um novo e límpido mar, Num novo mundo através de inocentes palavras. Novas águas que não temos de congelar, Onde espectros possam livremente flutuar. É o que a sapiência nos trouxe, A salvação que nos aparta da vida. Viver é violência e selvajaria. Não morrer é pura covardia.

5. Golias Heróico.

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Quero que o único som seja irreal, Não quero cair para a fragilidade da cobardia. Vou ter sempre a terra por debaixo dos pés, Assim o poder e o medo do escuro não se completam. Todo o terreno é uma desilusão, Cada tremor devolve-nos aos nossos demónios. Oh, pobre Atlas, o nojo é que oprime as tuas costas. Deita-me na areia molhada com as tuas mãos sujas, Tira tudo o que me deram e atira-me para o buraco. Possuí a última cicatriz deste escárnio, Derrete a derradeira lágrima de alegria. Tudo o que sobrou ficou por se consumir.

6. Léxico de Capuz.

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As tuas esperanças são meras ilusões, Nada mais que miragens. Obscenidades vitalícias e promiscuidades de desejo, Todas elas inexistentes ficções. O drama da vida e a poesia da dor, Os sentimentos sangram a tua face, Mancham com tinta o coração, Tatuam eternidades de espanto e horror. Os mundos de escuridão, E as sombras da memória, As tatuagens nas cicatrizes, Todos se aninham na mente. Os sonhos são apenas bonitos e inacessíveis, Cristais de cor e vitrais de luz. Tornar-nos-ão completos. Reinos e corações. Cada pessoa que dizes. É uma mentira.

VII. Crocea Mors.

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Quando sei a verdade, acredito em visões mitológicas. Posso não ter coração, mas mantenho as memórias. Quando era novo, adormeci ao pôr-do-sol numa selva, eu era cuidado por lobos. Quando cresci, o nascer da lua deixou de me trazer segurança. Deixei de viver para exterminar. Se as lágrimas existissem, por entre cicatrizes seriam gotas de sangue. Foge, o meu sorriso é um rugido da meia-noite. A dicotomia ilumina os passos para uma morte crucial. Às luzes da sombra, nascem-me pelos no coração, crescem os dentes e eu morro humanamente, sem justificação. Sou a besta interior que uiva às luas do Outono. Só as luas me dão razão para permanecer. Só elas me bestializam e tornam sentimental. O meu lunático horóscopo só mostra o crepúsculo. Ao dia a serenidade constrói a pessoa. O nascer da Lua cria um lobo das minhas veias. A morte amarela e o cheiro a sangue, suores frios e sonhos desesperantes. Queria sentir, mas não assim, quero viver mas não destes fins. Lua nova, eclipse, renascer -

VIII. Dança de Chamas.

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Comete o meu nome à memória, nas chamas cuspidas da ignorância. Assistimos a um constante circo de labaredas, vivemos um inferno mental, a árvore tragada pelo fogo. Comete à memória o meu nome, num novo fulgor do amor porque obcecas. Une-te à ideia, um palácio de ferro à beira do colapso, um tsunami revoltante, um sonho desflorado. Deixei arder um santuário para plantar uma panóplia de velas vermelhas, de cera e sangue - onde rezo e vejo as lágrimas evaporar, com o desejo ardente de ter e sentir paixão. Eu não sou um robô, preciso de sentir algo que derreta o metal desta carapaça viva. Um Sol que não incinere o meu sangue, um álcool que não sacie a sede, uma gasolina exterior. Às minhas mãos as rosas suspiram fins, espirram e desfazem-se em cinzas. O meu sonho é não sentir o peso da sombra nos pés, não me enterre a cada passo no chão e viver por um dia são. Vou subjugá-los! todos, como planeámos - não contes isto a ninguém se já todos o sabem, excepto nós. Cria-se o 13º conflito,

9. Melodiosa Nocturna.

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Lágrimas de uma guitarra, O piano tecla no coração. As chamas da harpa consomem, Rebentam-nos com a bateria. Corrói os ossos, Melodiosa Nocturna. Esse sarcófago não é uma cruz, Enterram-me num quintal, Elevam-me à morte, Gloriosa e Nobre, Oitava asa de um Serafim. Sai-me da memória, Reminiscência de raiva. Fúria e miséria, Feroz horror e fé. A canção da morte Redime o nascimento, Vivo tingido, cor de dor. Não morro. Inesperado Segundo Advento, Foi o que a água me trouxe. Redemoinho onírico, Afogo-me na Babilónia, Coerência e incompatibilidade. Renasço para recriar outro Caos.

X. O Ás de Destinos.

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Vamos saltar as formalidades. Afirmemos que o Ás de Destinos é um jogador, em cuja mão estão A Morte e A Torre. Jogamos dados que são indiscretas afirmações e as nossas bocas unem-se por míseros segundos numa orgia de sorte - faz parte da regra e da única forma de jogar. A roleta russa é uma solução quando a pistola tem a câmara cheia. A vida é um percalço. Ordeiramente entrego as cartas e esperamos que o jogo termine num acaso. Uma ordem para um diabrete. Não é desespero nenhum saber que estamos na linha de fogo... que em segundos podemos ser glorificados ou fulminados - uma sensação de excitação brilhante, o calafrio de sentir viva a nossa projecção de sorte. A vida é uma partida para ser ganha, mas que toda a gente perde. Somos os próprios peões e duques para uma realeza, movidos por mãos de lógica e fortuna. Pedir aos céus pela sorte é a trapaça mais fraca - se não tentar, simplesmente não alcanço. Se evitar, a emoção cresce e, não morrendo de uma maneira... vou acabar estendid

11. Desabrochar da Foice.

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O esquecimento devora e a escuridão floresce. A Morte dança a reivindicação de mais vidas, Sentimos os seus pés na tampa do nosso sepulcro, Arranha-nos a espinha mesmo quando já não sentimos. O gracioso assassino brinca com veneno, Assim desabrocha uma foice das rosas. O delicioso perfume é mais uma miragem, Droga os sentidos e leva-te ao fim. Conseguir o que queremos é perder o que adoramos. A graça de uma dália, um lotus reverenciado, a solene hora da magnólia e a vingança de um cardo, A mais pobre flor quebra o mais metálico coração. O pólen nos pulmões infecta a cristalização, A vida numa maré de ácidos. Essência da mais bela flor, um desgraçado desenlace. Sinto-me a secar quando te vejo, O meu cabelo, dente-de-leão é soprado, O resto derrete e escorre para o chão. O príncipe mais amável para a mais depravada mente. Eu queria crer que estava possuído, É tão difícil combater sentimentos. A minha rosa de cristal foi espezinhada, Sou a pessoa errada na sala er

12. Ninfas Selvagens.

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Quatro facas rodopiam na mão da fada. Nem só de nome vem o seu assédio, arranha sem piedade as veias, trinca insuportavelmente ossos. Já estive aqui, debaixo da torrente, os litros do meu sangue em absinto, vou embriagar a cruz que trago. A minha alma é um alvo. Esta ninfa fornica com as gentes, violenta selvajaria, todos esperam, mas ninguém quer ser Rei da Dor. O esqueleto é uma pistola. Pela diversão mais uma dor, o coração é um mistério, desenho círculos na mente. O meu destino é outro. Uma puta psicadélica... toda a gente alcança. Nem estrelas nem cometas, um simples toque.

XIII. Serendipidade.

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Em todo o lado. A Fama. A minha história é minha. De mais ninguém. O problema é meu, se habito na solidão e sou o meu próprio fardo a carregar. Vivo num copo vazio, sempre desejoso de nada em álcool. O acaso não foi escolher, foi conseguir. Ninguém me ama por ser a chave da serendipidade. A sorte manifesta-se tão monocromaticamente. É tudo um caos maior que anterior - vivo para criar um novo Ámen. Os caminhos são cruzamentos de campas num cemitério. Ninguém me vai amar por ser a minha chave de sucesso. Das asas escorrem cascadas de chaves, umas negras outras brancas. As lágrimas são sangue e este, petróleo. Por debaixo da carne tenho pistolas e escudos - o ódio queima os pneus com inveja e eu não sou combustível. O céu persegue - é uma comunicação e uma razão de semelhança. As nuvens culpam-no por existirem. O oceano não tem pontes - nós somos as nossas próprias ligações. Prostituição escrita, eu posso ser tudo mas no fundo só me manifesto como quero. Uma esponja de desejos, u