XIII. Serendipidade.

Em todo o lado. A Fama. A minha história é minha. De mais ninguém. O problema é meu, se habito na solidão e sou o meu próprio fardo a carregar. Vivo num copo vazio, sempre desejoso de nada em álcool.

O acaso não foi escolher, foi conseguir.

Ninguém me ama por ser a chave da serendipidade. A sorte manifesta-se tão monocromaticamente. É tudo um caos maior que anterior - vivo para criar um novo Ámen. Os caminhos são cruzamentos de campas num cemitério. Ninguém me vai amar por ser a minha chave de sucesso.

Das asas escorrem cascadas de chaves, umas negras outras brancas. As lágrimas são sangue e este, petróleo. Por debaixo da carne tenho pistolas e escudos - o ódio queima os pneus com inveja e eu não sou combustível. O céu persegue - é uma comunicação e uma razão de semelhança. As nuvens culpam-no por existirem.

O oceano não tem pontes - nós somos as nossas próprias ligações. Prostituição escrita, eu posso ser tudo mas no fundo só me manifesto como quero. Uma esponja de desejos, um cocktail de ácidos. A fome e as necessidades são tubarões que devemos comer e mijar.

Mentiras, mentiras, que nem bolachas, há mentiras. Comemo-las todas na depravação gulosa e só sobra uma realidade adversa à desilusão que temos de criar. Eu não. Eu nado pelas dimensões, por entre fumos e luzes roxas, fujo de talheres e livro-me deste sofrimento. Óbvio que viver é sofrer, é disso que respiramos. Eu não respiro mas quem me dera poder.

Eu sinto-me absolutamente ateu enquanto vivo nesta sepsia.


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