VIII. Dança de Chamas.

Comete o meu nome à memória, nas chamas cuspidas da ignorância.

Assistimos a um constante circo de labaredas, vivemos um inferno mental, a árvore tragada pelo fogo. Comete à memória o meu nome, num novo fulgor do amor porque obcecas. Une-te à ideia, um palácio de ferro à beira do colapso, um tsunami revoltante, um sonho desflorado.

Deixei arder um santuário para plantar uma panóplia de velas vermelhas, de cera e sangue - onde rezo e vejo as lágrimas evaporar, com o desejo ardente de ter e sentir paixão. Eu não sou um robô, preciso de sentir algo que derreta o metal desta carapaça viva. Um Sol que não incinere o meu sangue, um álcool que não sacie a sede, uma gasolina exterior. Às minhas mãos as rosas suspiram fins, espirram e desfazem-se em cinzas.

O meu sonho é não sentir o peso da sombra nos pés, não me enterre a cada passo no chão e viver por um dia são. Vou subjugá-los! todos, como planeámos - não contes isto a ninguém se já todos o sabem, excepto nós. Cria-se o 13º conflito, uma hora de honra pela desonra. A guerra de chaves e tronos arremessados.

Danço por entre flechas a última frase do meu epitáfio. Canto a última e abrasadora balada do sono. Faço linhas de pólvora enquanto o sangue entra em combustão. Vivo uma chama de perversões e macabrismos. Tensão de um órgão fúnebre, sem objectivos, só vivo para existir. Formo mundo que me fuma.

Não vivo sem o calor do fogo, a força alimenta-se de labaredas. Condenado à eminência de uma implosão enquanto a batalha é uma constante paranóia. Erguem-se lanças e espinhos da demência e plantam-se nos núcleos de cada coração. Estou aqui para fugir à chuva.

É tudo um sonho do suor e do cansaço - nada ocorre.

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