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A mostrar mensagens de 2014

rant #diamonds

esta cabra não pode assertivar, só podes estar a delirar. não dá jeito ignorar quando as plantas que deixámos de regar se tornaram daninhas e nos estão a tentar matar. todas estas cabras inferiores, acabei de lhes pintar os interiores. quando entrei para o jogo e o viciei, eu matei, esquartejei, amei e vomitei, para ter o que tive e manter o que não mantive, para ter como recompensa um mandato de busca quase da imprensa? impensável é atirar diamantes ao ar porque o que é família e o que são amigos, e o que é autêntico quando precisamos do material para ser o si mesmo numa outra máscara que mantemos para nos matarmos ao longo de todo o ano. fechamos os olhos para não vermos, cravamos diamantes nos olhos para ver desfocado. bebemos demasiado ouro líquido e temperámos o jantar com o suor dos corações. se realmente sentíssemos a onda atirávamos as nossas bebedeiras ao ar e deixávamos amar, e não criticar nem blasfemar. usar caras vazias, rosto cinzento inexpressivo para simular o superior

xadrez.

ainda não te disse: o mais difícil é aceitar que é tudo assim tão simples. o jogo é viciado. preto de um lado e branco do outro, o jogo está viciado. separa o que tens no corpo por tons de negro e tens um exército de peões em teu prol. o jogo está viciado desde. cesura a tua própria sociedade e tens a utopia missionada pelos teus bispos, no alto das tuas torres. o jogo estará viciado. escalona cada volta em que o ponteiro prefere o vazio à tinta das horas e os cavalos não vão engolir o teu tempo. o jogo está viciado enquanto. há demasiado tempo que prefaciámos a nossa vida para a postergar. o jogo está viciado para. há demasiado que destrinçamos cinzentos para os unir ou separar sem tocar. e o jogo continua viciado. os vilãos nunca ganham.

agora, medo e nojo.

sonhei que um rato encheu de estrelas um chapéu. e uma maldição recaiu sobre o céu e quebrou os vitrais lunares da noite. medo e delírio no céu, as nuvens reflectiam o que sentíamos mas agora reflectem-se a si mesmas. são egolatras como eu. a nostalgia pode comprar as estrelas que quiser e quem não tem que vá adquirir. a praxis só vem radicar a theoria: phantasmas do passado são duplamente enganadores = ilusões + obsolescência. não conhecemos paraísos, apenas desolações. de facto, nem a nós, um ao outro, nos conhecemos. nada muda o que fomos enquanto ficávamos às escuras e nem um sorriso forçámos. é quem fomos, é quem fomos, medo e delírio no céu.

cosmofilia.

o céu é o nosso poster da terra do nunca, vamos arrancar-lhe as estrelas, para reparar no que estamos a perder. há demasiado para ver por aqui e eu quero vê-lo contigo. foi entre os diabretes que encontrei a segunda estrela à direita em direcção ao amanhecer. que arrebatei à cúpula turquesa. fui eu nisto, j'est un autre, de nouveau. a força mítica que me roubou ao mundo para a ilha da caveira resulto num tão grande aturdimento. o negro dos olhos fechados é fachada pelo céu da noite, o fundo é cratera de vulcão. olhos que não brilham sem música. outros que só brilham com música. flauta de Pan. esculpimos uma galáxia corpo a corpo. mantivémos abertas as veias para as colar a sangue e cuspo. como é que se lida com os sinais de um corpo estranho?, qual constelação corpórea?, celeste por sinal?, celeste sinal, por sinal?, celeste à minha frente? arrancava os meus olhos às estrelas para não ter de saber... mas ficava tanto por vir.

rant #theglitch

o céu perdeu a cor, já não é tão certo como o hexadecimal. porquê ver nesta resolução se vejo melhor o mundo quando o vejo mal? e porque é que passou a éter tudo o que era de metal?! AH! três tiros no espelho da mente, três tiros e já não sou como era antigamente; três tiros e já não sei dançar, o quarto tornou inábil a mente de se esforçar. fizeste brotar no sangue o gelado que não veio num cone partilhado, o amor é planta carnívora do solo onde limpaste a merda do sapato. perder o tempo a fazer-me híbrido melhor que o teu antigo rato. neste laboratório deixei de bombear, passei a processar e entropias mentais é só o que sei desenhar. intra-venosas atitudes que nos... intra-venoso é o que nos... intra-venoso é como nos... 0110 0110 0111 0101 0110 0011 0110 1011 0010 0000 0111 1001 0110 1111 0111 0101

rant #minimamoralia

num centro comercial de arte as etiquetas são obsoletas, rabiscadas pela diferença, disparadas pelo canhão da arrogância... reparaste? pisa-se o campo de batalha para congelar estas ideias: nomear o bom ou mau é redutor quando a produção está infectada (guerra biológica). "é impossível poesia pós-Auschwitz" na época da omnipresente violação da moralidade, esgaseada na concentração. não há posição a tomar a não ser a da performance quando a guerra é a vida que é teatro. debaixo do pincel trazemos armas escondidas no pulso, o canvas é um campo de guerra por abrir e estamos no lugar certo de gerar (e não criar) o que for uma boa estratégia; mas os que ficam em frente à pistola são os que vivem para sempre. depois disto, como falar em bom gosto? já desvanecemos a humanidade e nem os altivos acreditam nesse nosso termo. ADHD da arte porque a morfina na veia nos leva a lugares melhores, tira uma foto porque é uma rapariga no céu com diamantes, que nome lhe dão? ácido na cara. cheir

bang your shit

o café sabe a água suja e o cigarro da mesma marca mete nojo. temos o entediante poder de transformar diamantes em carvão, de viver enterros para ter o resguardo do luto, a certeza dúbia de que o morto não pode voltar. e abrimos os olhos na vida para ver os nossos próprios zombies. quão português é isto? saudade é criar fantasmas, é transformar momentos em espectros que dão mais comichão que as memórias. será então vingativo da nossa parte querer bater-lhes com uma pá e tocar um réquiem? quem são os que não vão mas têm de e porque é que as cartas têm de cair na horizontal em cima da mesa. rodar moedas em torno de situações favoráveis porque a sorte está lá sempre, mas nunca passa do estar. saber que não luto por incapacidade faz-me sentir tão covarde por dentro, e só espero, e só espero. dar um passo para fora de casa no primeiro dia do mundo? para quê quando podíamos sair num balão de ar quente e esperar que quando saltássemos - oh espera, mas já vamos a meio da queda. sempre. a mei

Criogénese

no princípio era o gelo, e o gelo cobria tudo e o gelo era tudo. ser a imagem e semelhança da decepção é repetir um pleonasmo, o corpo deixa a luz passar e transparecer sem sentir o seu toque. não há uma invisibilidade quando somos bolhas antropomorfas, há um destaque para um ser-não-estar, uma inexistência da existência. sou uma tempestade de inadequações, aleatoriedades e vergonhas, uma rajada de mentiras que dão corpo a uma mísera forma. não há perdão melhor que ver todas as veias serem azuis, por um bocado não quero ter sido nada antes da criogénese.

suffice.

estes fotões podem ser remastigados pelas pálpebras, cospem-se atómicas as imagens de medo momentâneo, prova-se ao mundo uma perenidade e uma inexorabilidade. senti ter deixado de saber sentir, só preenchia os vácuos com celulóide. para provar, provar o quê, a quem, e como? não sei suficiar, desaprendi a existência, sinto a alma lacerada... estes fotões podem ainda ser remastigados. é preciso virar copos para encontrar significados escondidos, eu vou pegar e balouçar-me nas merdas que me fizeste sentir, não vou olhar para baixo nem abrir os olhos.
os capítulos de sangue funcionam como pastilhas elásticas fazem mal ao estômago. as cartas mal dadas, malfadadas, mal-enganadas custam a morder e a jogar, custam a pescar e não são bom isco. fui ao médico a acreditar que tinha o diabo no meu corpo, estava com dificuldades a respirar, a expirar o sentimento, a mão direita age/haja sozinha e sem a impudência de pensar. para colmatar chicoteio os olhos com os estilhaços do nosso candelabro no qual nos pudémos a baloiçar em tug-o-war largámos o nosso balão de cristal. são situações tão embaraçosas, fazem-me enterrar sempre mais e mais corpos. exorcizo o passado para o reprimir. mas não é só maldade, meu amor.

moonstruck.

devia saber fingir amor à inocência que não se intromete na dor. devia saber calar ardor evitar dar fogo às cruzes que dançam pela vida. nunca aprendi com erros lamento não ter esmagado mais corações. nunca aprendi com erros arrepende-me não ter disferido o que mereci.

floate inbetween reasons.

disparo a minha pistola de criogénio sobre estas ondas de mercúrio, pois tenho uma espreguiçadeira de fogo que me aqueça as costas. e lá no fundo eu não cumprimento a noite por estar com ela todos os dias. sou um candelabro de tatuagens cadavéricas ao fundo do poço, e escalo, escaldo, escapo, para que as escamas me escorram do corpo. quero que o rufar do tambor me persiga em cada passo e percalço, para arrefecer o leito da morte a cada segundo em que penso "podia estar calado" os meus caninos jaculam veneno sobre açúcar em pó, de poros e diásporas: escavei um buraco demasiado grande para nele só raptar a tua dignidade numa luz que cega o próprio túnel, num cano de esgoto que cospe balas. e com crenças não se brinca, mas só acreditamos no que cremos finalmente, o tóxico SE: se foi para amaldiçoar reuniões, o céu já não é nosso para ser só meu e só teu. ultra-violência e decadência.

ultraviole(n)t.

a nossa queda de meteoros desfigurou as nossas caras. estamos numa Ilha de desilusão mútua sem compreender ou comunicar, infectados pela Doença. não nos conhecemos. só o narrador sabe das possibilidades ingratas, entregues de bandeja a quem não tem mãos para segurar, olhos para ver ou boca para saborear. no meu espelho roto eu sou a imagem da decepção. caminhar de mãos dadas em direcção ao pôr-do-sol. e nunca nada foi melhor do que esperar por melhores dias ao lado um do outro. todas as nossas conversas eram a primeira e nenhuma nos entristeceu... como seria isso possível, se depois da morte só há a boa vida? mas matámos os narradores e a história não prosseguiu da forma como a plantámos. há demasiadas possibilidades. matei-me e já não sinto. matei-me e o meu corpo só mente. sou posse de uma Nuvem de Fumo, a que melhor conheceste. observar-te traz memórias-chicotadas que não tive e não consegui dizer. observar-te dá-me medo de falar por medo de magoar. caminhar em frente é sentir p

black bachelor.

passo a passo sobre um chão turquesa percorre um noivo negro a distância de um funeral. ignorando integridades e sociabilidades, comenta consigo mesmo: limpo à erva a merda que tenho nos sapatos. acendeu um cigarro. fartou-se. ateou um incêncio. antes de sair de casa acendeu um pau de incenso sobre um aquário. olhou pela janela para se desiludir com o céu enublado. se todas as escolhas que fazemos na vida são entre amor e poder, então o simples facto de ter um coração é uma deficiência. é um erro na arquitectura do corpo. o céu não lhe permitiu amar o belo. o céu só une os povos quando não há nuvens a tapar a nossa ligação ao sublime. as nuvens reflectem os sentimentos da cidade, tornam-na egotista. na rua, passou por uma mulher que lhe disse "poor baby, sweet child, life's cruel and full of betrayal, that is my only lesson to you". tornou a olhar para o céu para pensar que a lua teria sentido a obrigação de se dissipar. o cúpido serve à vénus para fazer rir dos mor

frozen bubbles.

a Pandora reabriu a caixa depois de tanto ser alertada e o dourar dos olhos azulou, recobriu-se de nuvens as lágrimas congelaram entre as pestanas e o nariz cada palavra-bala metamorfoseou-se num líquido ancestral que gota a gota encheu o coração de uma memória adormecida. uma água florescente preenche-me as veias, o sangue congela pelas mortes que foram e virão. perde-se a arrogância e a sensibilidade: também os deuses sucumbem à gravidade. os pensamentos voltaram a cristalizar-se em tiros de gelo, não há melhor conservante para a história que a criogenia e aproveitemos para que deixem de respirar: do mal, o menos. bem vindos à vida de um complexo caótico.

anything

o vento liberta as canções que escondemos entre traves e entraves. vem até mim porque eu vou estar indefinidamente pronto. nem anjos nem cyborgs vão aguentar por mim, o meu coração já não bate, só martela, de certo modo exaustivo, de certo modo incansável. debruçámo-nos no condicional, no se, na ponte bifurcada. e inclinámo-nos tanto que caímos, porque... qual era a dúvida? nem anjos, nem cyborgs vão aguentar por mim, mas já agarrei várias vezes no lençol do destino e remendei-o, cicatrizes e nódoas de escuridão são só percalços.

dope.

fecha o quarto quando estás só, para não te sentires sozinho. procura nos meandros do coração os resquícios das anestesias que tomaste ao longo da tua amostra de vida. relembra-te sempre do que disseste "o amor é fraqueza". torna-te invisível porque na invisibilidade és imbatível. espreita sempre, não vá o diabo estar de olho. espreita por debaixo da cama, espreita por dentro da paranóia. mas repara: tu não querias estar sozinho e tens medo de estar acompanhado. repara que contradizes o que dizes. senta-te, procura uma posição em que não vomites porque tudo o que engoliste foi o teu passado - e não estamos em condições de perder esse. acende o cigarro mas não deixes que as lágrimas o apaguem. acende o cigarro mas não te queimes quando a fraqueza se apoderar de ti. se procuras uma viagem por minutos, porque não te consomes a ti mesmo? alma envenenada, se te consumisses descansavas eternamente o que mereces. não grites, agora quem fala sou eu. não esperneies, deixa-te ir novame
o coração desgoverna-se demasiado facilmente há dias que não lavo a roupa, que não faço triagem perdia a conta às horas e memórias que devia ignorar: talvez por não as fazer, talvez por não as viver, nunca soube operar na inoperância. "o tempo que passou, passou a ferro a roupa que lavou, tingiu de negro queria perecer a dançar no vendaval como pano amarrotado que se esquece no estendal"