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A mostrar mensagens de agosto, 2011

Cegos e Correntes.

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A minha voz não é uma canção de embalar. A minha presença não é um trono. As tuas conquistas por mentira não são troféus que me possas esfregar na cara. As sombras aprisionam os ancestrais na longitude. As nostalgias mortas restam numa ressurreição constante da poeira que tanto amaina como se torna num ciclone. O desejo é uma miragem de um espelho único na brancura do vazio mental, um espelho onde tu não me vejas a espreitar por detrás das portas, a atirar aleatoriamente escudos para as tempestades de setas e lanças que se debatem sobre ti. Pónei sujo, eu vivo para te tornar um Pégaso. Sou um dragão à espera de ser degolado por S. Jorge, vivo para ser afogado em absinto e me embebedar em lágrimas. Cada ferida no meu corpo deve ser fechada por frias agulhas e cada doença anestesiada por outra doença, numa orgia de seringas. Sou um urso que foi caçado para ser o tapete da tua vida, o que cobre as ratoeiras que tinham a medida dos teus pés - mas para ti eu só queria deixar os teus pés

Educação Morta.

delicio-me debaixo de lençóis com absinto, vanglorio-me, morto, atraiçoado e usado... são novas jóias para coroas por comprar as razões e preces são cornos de marfim. rasgões nas almofadas, saliva escorrente, a mão nas partes baixas e a solidão é um jarro mergulho no escuro e afogo-me no egocentrismo que remédio - mesmo só estou mal acompanhado dez milhares de flores e a alegria murchou farto das mesmas caras que enojam e fartam repulsão de viver enquanto fornico o espelho e essa morgue em que vives dá-me diarreia. jogo-me a mim mesmo sem bolsos nem roupa, nenhures já me pareceu um lugar mais remoto. não vivo nas tuas letras mas sonho com elas só oiço o meu som. Educar-te Mortalmente.

Santa Puta.

Ser ou não ser não é uma questão quando não falamos. Violados pelas leis da liberdade, abusamos da nossa predadora ao ponto de a tornarmos poluição. No meu coração alguém se prostitui à esquina da igreja - os rumores obrigam-me a admiti-lo, que me vendo pela filantropia do alienismo. Sou um poço de prazeres alheios, vago de dignidade e honra, o que os cornos me dizem eu aceito. Vendido ao público, prostituto da mente, alimento de egos. A carapaça é uma armadura de papel queimado pronta a ser penetrada pelas mãos ociosas de quem precisa de atenção e é isto que eu sou. Fácil. Obcecado pelos outros, filosofante pela felicidade, a liberdade assemelhou-se a um caminho que me engoliu quando mostrou o seu tubarão. Eu tenho regras e sou uma criança. E sendo uma criança banhada em esquizofrenia, fraca psicologicamente, sou Peter Pan e o dragão mau. Eu sou o que eu quiser. Maria Madalena viu o seu amor pela promiscuidade partir rapidamente quando se obcecou. Jesus Cristo perdoou uma puta

Relação Cósmica.

Odeio o amor, metalizo-o. Numa nave espacial escorreguei nos anéis de Úrano, perguntei aos Marcianos pela tua terraquiedade, da terra responderam-me os lobos à tua novidade. Assim os morcegos voam em teu torno, comigo já só vives escondida nesse turno. Quis fugir de Orion, não vivi sem Bellatrix no meu planeta era vítima das mudanças da tua face. Se és a Lua, quero ser um Eclipse, desisto de aturar novas marés. Tenho saudades de quando as nuvens eram nossos lençóis e eras tu que te enterravas em meteoros. As lágrimas arruínam a minha atmosfera. Quero atingir-te com misseis estelares, erupções solares. O sentimento escapou por entre constelações, e o coração sem gasóleo não o acompanhou. A bateria acabou e a energia desapareceu eu estava a beber e acabei por afogar. Pesquiso a localização de um planeta, de uma galáxia onde os nossos cometas se misturem numa panóplia de ligações. O teu satélite recorda-me da nostalgia, navego pelo infinito como um peixe no céu.

Choros.

num pedestal místico de bronze, rodas e rodas de ancestrais ergue-se a imagem robótica, o sonho psicótico, viver é demais. pois eu sei que sou o pesadelo de cada noite, fui eu que lambi e derreti a língua ao dragão, quem envenenou a cobra com o tacto. o meu altruísmo jorra sangue de egoísmo, quero para os outros o meu único prazer sexual pela água que nunca neguei ao pobre, recebi orgias de fantasias e fetiches, vivi momentos de gula e luxúria, mais largo que a vida amar é viver de menos. não vou casar nem vou amar, só quero a prata e o ouro. inundam-se as paredes do coração, um ácido esverdeado, LSD de bifurcação, o unicórnio é um boi e a morte não chegou.

O Trono.

Se os racistas lideram religiões de ódio, porque não posso ser Rei de uma paz?  Um Reino não se funda sem assento, tal como a Coroa não serve nas nossas testas. O Poder foi criado pela bestialidade mais humana, o Reino é um belicismo interminável, no meu ego eu sou infinito, mas a alma discorda na discórdia. A solução é não viver em paz. O Trono é sentar de preguiça, ordenar serve para não perceber as mulheres que acenam à partida, elas escavam aos maridos os caixões que o Rei mandou plantar. O Homem é sempre um monstro, o poder é para ser odiado mas sem governo reina caos e na desordem brota a morte, sem perturbações, um silêncio absoluto. Quando sou for, passo a um bastardo nas costas, não preciso destas lágrimas nojentas nem destes diamantes de castigo, eu sou Rei, eu insisto, mein Leben ist dein Liebe. Exércitos de mortos, arcas emergentes em absinto, morcegos e cigarros, ácidos para as quimeras, nem assim o Governo vai ficar. Cuidem do Trono, pod

O Paraíso.

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a erosão fundiu um papel escrito sem traição, não haviam danos uma cidade que era Mais do que queríamos e os campos trabalhavam-se a si mesmos a serpente nunca nos deu uma maçã o sangue substituído por ar flechas desabrochadas em raios de sol unicórnios e arco-íris, não há moscas, não há veneno temos de merecer o xadrez em que jogamos mas não existe tal blasfémia porque a fantasia não foge da realidade e os humanos não são mutações do sonho fomos nós que esculpimos o purgatório.

A Dentada Venenosa.

Eu não sou alimento para egos; eu tenho uma inteira mentira por viver. Demasiadas pessoas na mente e as reviravoltas tornam-se apertadas. As bebidas ficam fortes e o cérebro enfraquece a cada segundo de perturbação e droga. Eu não posso fugir dos problemas quando as questões vêm do meu núcleo – não há escapatória para o tolo quando o tolo é a jaula. Pior que pensar é sentir quando não o queremos. São tempos escuros quando o prostituto somos nós e quem paga já nos levou para casa – ficamos presos com o sexo que não queremos dar. Sinto-me uma muleta para aleijados que precisam de completar o coração com a felicidade que não sentem. Como uma droga para um viciado psicótico que não consegue cantar – e porque quereria ele? É um viciado e não há visão no cepticismo do ego. Bêbado e cansado de caminhar pelas ruas da vergonha e do nojo com ambas as mãos nos bolsos, farto de foder o chão com cada passo, de mijar o chão com cada lágrima que ainda estou por chorar – como a felicidade que quero

Castelos de Cristal.

combateram a traição por nós fizeram a civilização cair ela era feita de giz amor e preocupação escuridão e vidro sombras de ossos eu não vou fazer nada da vida cuida o orgulho esconde-o da tua vaidade não deixes nada por dar os ladrões vagueiam pela lua de ouro não são só caracóis mas que merda é esta? a droga hoje foi a lastimável realidade à frente não se vêem seios e os meus pulmões sentem-se sós eu vivo numa floresta prestes a ser caçado se os miúdos sequer pensam nisso podiam simplesmente matar-me mas eu não me preocupo o meu amor pelo ego vai viver para sempre

Licantropia.

Por agora, a imagem são apenas letras brancas num fundo preto. A Canção do Lobo.  Anunciam-se, longínquos, os uivos - incertos como a realidade o é. Mas são lobos, lobos que cantam à Lua cheia, noites e noites a fio, até a perderem. Quando o pôr-do-sol assombra a mente, os lobos perseguem-nos e nós não corremos mais depressa. Criaturas fantasmas da noite, perseguem-nos e ao diabo - o medo consome-nos pelo suor. A escuridão é um útero para os solitários e a luz da lua um farol para os esfomeados. Eles vão engolir o nosso orgulho e devorar a pouca vergonha. Vão encontrar-nos porque nos encontram sempre. Bater do Sangue. / Para O Farol.   No meto, o sangue é bombeado, o sangue corre e o suor escapa. Quando nos aventuramos e perdemos a sombra - é sinal que já não estamos na luz. Contudo aqui estamos, perdidos e excitados com o medo e a certeza do fim que nos entregam um prazer orgásmico. São masturbações mentais. Sabemos que vamos acabar aqui e assim, tão depressa como nos vamos consu

Submergir.

Os teus segredos recordam-me de remos com que tranquilamente nadei Na morte eu afundava, sentia-me a afogar. Um último impulso, mergulho profundo, abaixo mantinham-se os esqueletos negros e profundo um fogo por desenterrar. Esse medo, um testamento, um motim, testemunho de julgamento e contestação, transmite-se debaixo de água, uma enguia de cabelos vermelhos. No fundo as lágrimas afogam-se, durante a vida eu só aprendi: a amizade é como uma pá, podemos construir castelos na areia ou enterrar um corpo morto.

Alles Verloren.

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it seems like you lost it all. vislumbrar o desvanecer do objecto para espuma de inveja e raiva. esmurrar as armaduras de quem as têm - pelo verbo ter. o coração não vive esburacado, é suposto mantê-lo cheio de sangue. sentir só custa quando não se consegue. há quem espere por milagres, quem desespere para que o mundo rode para o outro lado. por debaixo do meu crânio há uma razão, por fora da espada já não há controlo. o pior é quando sentimos saudades do ódio que cuspimos.

A Ligação.

As estrelas são as mesmas para ti e para mim. A humanidade é uma, sem evolução nem caminho - não somos bons, de facto, estamos mais próximos de nos prostituir pela destruição. Despedaçamos e fortalecemos o significado da mortalidade que nos dá coerência e igualdade - só isso criamos, a destruição. A gravidez serve para mais um morrer. Intimidade e imortalidade ao mesmo tempo que a certeza de que está morto - desejamos ao ódio a balança da verdadeira igualdade. Só cá estamos para ser pó. De nada a pó, não há fama eterna senão a grande conquista que enterra os nossos Reis. Linhas e agulhas espetadas em corações, puxadas e perfuram outras almas. Servimos para remendar rasgões inexistentes - a Natureza vivia melhor sem nós. Espezinhamos o mundo com as falsificações de que nos calçamos - não fosse a Natureza assustar-nos primeiro. Em mim está um profundo medo daquilo em que nos tornamos, cada vez mais perdemos a pureza da humanidade. Os valores prendem-nos a paredes que tornam a liberdade