A Dentada Venenosa.

Eu não sou alimento para egos; eu tenho uma inteira mentira por viver. Demasiadas pessoas na mente e as reviravoltas tornam-se apertadas. As bebidas ficam fortes e o cérebro enfraquece a cada segundo de perturbação e droga. Eu não posso fugir dos problemas quando as questões vêm do meu núcleo – não há escapatória para o tolo quando o tolo é a jaula. Pior que pensar é sentir quando não o queremos. São tempos escuros quando o prostituto somos nós e quem paga já nos levou para casa – ficamos presos com o sexo que não queremos dar.

Sinto-me uma muleta para aleijados que precisam de completar o coração com a felicidade que não sentem. Como uma droga para um viciado psicótico que não consegue cantar – e porque quereria ele? É um viciado e não há visão no cepticismo do ego. Bêbado e cansado de caminhar pelas ruas da vergonha e do nojo com ambas as mãos nos bolsos, farto de foder o chão com cada passo, de mijar o chão com cada lágrima que ainda estou por chorar – como a felicidade que quero imbuir ao próximo.

Há barcos e eu rastejo para eles sem bóias e sem saber nadar. Afogo-me em desenhos do coração, sou tão lento como um camelo banhado em suor, lama e cuspo. Para lá do arrependimento o meu rabo a cagar! Interesso-me bastante em fazer-me sentir mal pelo que faço ou não faço – adoro matar-me aos poucos... como ácido para o estômago ou fumo para os pulmões. Eu sou o aleijado. Eu estou cheio de vícios e mentiras que não sei discernir da verdade.

E a violência atingiu-me. Não aguento o sentimento de ser um prisioneiro do egocentrismo de outra pessoa. Desistir ou não não é uma matéria que importe agora, é, no entanto, uma substância tão negra que até os cegos vêem na escuridão... tal como conseguem ver as suas próprias almas flutuantes partir-se aos poucos enquanto destróem os casulos das outras pessoas.

Nostalgia de não sentir estes desgostos, estas vontades de vomitar a cada segundo e estas urgências de fumar milhões de cigarros, de me sentir um cadáver mais pesado, de me sentir uma alma mais leve. Não te preocupes, não vou encontrar alguém como tu, não posso rezar pela perfeição e nunca há melhor... nunca chega a haver bem... apenas horríveis venenos que uma vez injectados queimam as veias por dentro.

Sangue coagolado e cruzes, maldade e corpos, chamas e sombras assassinam os relvados de um reino construído no meu absurdo. Tenho vivido intoleravelmente desde a noite em que diverti em vez de reinar. A verdade nunca pode ser vista por olhos tristes, esses só vêem as formas mais imundas de destroçar litros de sangue em abismos de mágoa, cortanto caminhos nos braços que nunca são entradas para a glória, mas saídas de cobardia.

Nunca me olhes nos olhos, sou um basilisco feito do teu veneno, pronto para te assassinar e engulir num trago como a cobra que os meus pais foderam para que nascesse. Foge pela segurança que és cobarde para manter, uma dádiva de vida que te foi dada pelo demónio, por favor não o negues. É essa dádiva que tens... de fazer toda a gente sentir-se má.

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