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A mostrar mensagens de julho, 2013

Le Paradox

O tempo consome-se a si mesmo num auto-canibalismo horrorizante. A vida e a morte são erodidas pelo desenrolar das marés da memória - de praias cujas ondas não tocam a areia. Neste mar só existe tensão e intenção, entristecidas, entretecidas e entrelaçadas, queimadas pelo sol e geladas à luz da lua. Tensão e intenção de relação e solidão - a conclusão e o thelos de um objectivo, erradicar a solidão. A costa sente saudade, mas nunca demasiado tempo, porque o mar volta sempre a beijá-la. Caos e ordem são noções temporais. A decisão inviabiliza uma em prol da outra. O mundo e a era dão à luz infinitas possibilidades que disso não passam. Vivemos numa só linha, e vemos no horizonte-intocável todas as outras opções. O nosso conflito é desejarmos os sonhos, onde as vemos concretizadas, enquanto elas desejam realidade por só se reconhecerem nos sonhos.

Espelho da Alma-Urbana

Impressionante como me sinto farto do que vejo, Por todo o estranho acabar por ser o mais que ordinário. Mas mais impressionante ainda, quando me apercebo da fartura: Gosto da forma como as nuvens reflectem os sentimentos da cidade. Sinto os batimentos cardiacos da noite Nos passeios amedrontados e nunca solitários. Reconheço a cidade como habitat da decadência, Que a cura está em nós mesmos enterrada; Mas a cada queda: uma pá de terra.

Golden Shimmering Mirage

Eu quero que a minha vida seja assim, Da espuma de constelações que os sonhos são feitos Do mar de laços e ilações nunca adversas que se pode fazer Quero abrir os olhos e ter isto, Porque dormir é limitar e cingir-me a mim mesmo, E a felicidade que nos mantém acordados é o outro. Ninguém gosta de espremer a tinta das suas lágrimas, Mas escrever com os sonhos é desenhar um caleidoscópio Emanado pelas pulsões do coração.