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A mostrar mensagens de outubro, 2013

Ex-Thesis

A morte e a beleza são duas coisas profundas Que contêm tanta sombra e tanto infinito, que dir-se-iam Duas irmãs igualmente terríveis e profundas, Até no mesmo enigma e mesmo segredo. - Victor Hugo Eu em vós sou empirismo sem platonismo. Corpo desidealizado, posse, prático. Sou a vossa posse do meu soma, arquitectado. E podeis chicotear, demolir, escarnear. Mas não podeis interrogar. Eu em mim sou platonismo sem empirismo. Ideia incorpórea, im-possuível, teórica. Sou razoável, intensificado por sintomas que possuís. E posso enterrar, guilhotinar, idolatrar. Mas não me podem capturar. Podem cicatrizar-me o corpo: é texto, Mas não podem remendar a verdade.

O Relojoeiro

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Era a hora do Relojoeiro regressar à oficina. De devolver tempo a quem tinha a audácia do perder. O instante que mais me atraiu na sua era um facto bem recôndito: que todos os relógios estavam certos ao milésimo de segundo, ou seja, que cada tic estava coordenado na perfeição. Conjugando-o com os vinis de sua predilecção, cada toc era o perfeito eco do ritmo de uma percussão. Mas deus é irónico e gosta, não dá simplesmente dons sem troca e ao Relojoeiro sacou o ouvir. Que outro serviço lhe poderia prestar um relojoeiro? Se o demiurgo podia se bem entendesse fazer do dia uma hora, ou da hora a minha vida. Confiante na memória e no bater do coração, o Relojoeiro via as horas no conjunto de relógios, era com o olhar que as acertava. ... Muitos anos a girar tempos.

thrash

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Matei o notório Lucifer, rasguei-lhe o nosso c ontrato na cara, Pus a faca no bolso, fiz-me ao deserto e devolvi um anjo ao ventre: Quando o parirem, hospitalizem-no directamente num tratado. Desde quando é que a inocência de um cargo confere temor à imagem? Pareces querer penar por mim, achar que podes divisar o Inferno, Mas no fundo a vida é um hormonal inverno, suores e venenos linguísticos. A escrita enigmática dá graça, escondo-me nos horrores da moda: não é propaganda política mas pode ser um movimento da arte. Sobra-me a dignidade para poderes ficar com todo o respeito. Posso não caminhar sobre as tuas práticas, e muito menos mostrar-te a sola à cara. Oiço-te sufocar, é de prazer ou engasgas-te em vómito?