Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2020

a má ideia (outro)

só te posso dar a realidade que preteres à bestialidade de quatro paredes e vinte cigarros os monstros debaixo da cama e os esqueletos no armário eu tive uma má ideia (só queria passar algum tempo contigo) esquece lá isso, esquece-te lá dele, esquece-te de ti eu não te queria cilindrar à pressão eu não queria controlar o que quer que fosse (o frio nunca me chegou a incomodar) eu sou os átomos da água dissipada no nevoeiro a tocar na cara de um qualquer corredor que corre para onde pode aproveitar (podíamos passar algum tempo juntos) eu tive uma má ideia eu não quero continuar isto eu só queria atenuar a dor esquecer-me disto, esquecer-me dele, esquecer-me de mim (devias saber que sou um cronómetro)

a má ideia

sou o nevoeiro dissipado estou a perder o meu tempo surjo por andar preocupado à espera que me venhas salvar não quero continuar a fachada preciso de tentar controlá-la não consigo largar a obsessão preciso de encontrar alguém tive uma má ideia (podíamos tirar algum tempo juntos) — mas esquece lá—esqueceres-te dele —faz esquecer-me de mim! mesmo que não devêssemos, bora preciso de alguém, faz-me sentir mas não tropeces, que não é real quem me dera prometer ser a cura tive uma má ideia preciso de acalmar a dor esquecer isto—esquecer-me dele —esquecer-te de mim (devias saber que sou temporário)
um dia o sonho tinha de acabar. fechei os olhos para pedir o resgate à Musa, saltei para o bote salva-vidas e droguei o Caronte, pedi redenção e permissão: desvios do riso rumo ao cume. e não será de certo esta auréola de fumo a ser ceifada; e não será por certo o perfume da maresia, ondulado na desventura imponderada, a tolher os sinuosos cursos. vão queimar outras bruxas, que nada disto importa. cada músculo deste coração doente, e sopro de alma cadente, pede pelas suas felicidades.