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A mostrar mensagens de julho, 2015

jardins de granito

corta as pernas para voar. são raízes no chão são raízes no tempo. corta as pernas para alcançar deita abaixo o recém-castelo causa e põe em causa as euforias discretas as preocupações secretas. as críticas feéricas põe um pé no chão, só falta serrares o outro uma flor azul liga-se por fios de cobre a um arbusto disperso nesta sala, tudo onde o sol se não digna a tocar são memórias só sabes que não são mais esculpíveis só sabes que não as vês na plenitude ideal da sua velha actualidade não importa. nunca importa. alguma vez? o cromatismo virou eufemismo tu e eu somos a preto e branco a contaminação tiras-me a gravata, substituis por um machado quis tirar-te a aura e pôr-te um sorriso ou melhor: quis falhar redondamente não somos todos bruxos e feiticeiros? pedintes predecessores da premonição? arrasta as raízes pelo mar de argila, deixaste a neve misturar-se com fermento. cozinhaste os sonhos. diamantes em pó. a perder-me nos teus cabelos, desenhar nos teus sinais.

3. L'Énigme de l'Auteur

Pirâmide. Numa cela. A maciça porta está fechada. Não tem janelas, só silêncio. Tão arrebatador como as profundeza de uma pessoa. A caixa está fechada. Pandora é um espelho. Enjaulamos os animais interiores. Instintos. O que é que mais te pesa? A voz infantil retorna: Estou habituado à escuridão. Há tantos momentos que é difícil escolher um. Abandonado, recusado, injustiçado. Há heróis que têm tudo o que nós mais desejamos. Que nem têm de se esforçar. E é-lhes tudo entregue de bandeja. Nem imaginam o que têm! Não sabem aproveitá-lo! Polvilhar a realidade com o poético. A ficção é a intoxicação do "e se", mas contaminou-se do rumo hierárquico de uma sociedade enviesada. Não existem estruturas, apenas constelações. Intimações da imortalidade. Devemos estar sempre aptos a coser as cesuras da realidade. Nunca vais ser feliz. Não sabes como.  O mau juízo crítico leva à falta de esperança pela verdadeira felicidade. Gabaste das tuas noções de amor... mas és só mais um a pauta

2. Remorso

Que me importava a morte dos outros, o amor de uma mãe, que me importava o seu deus, as vidas que se escolhem, os destinos que se elegem já que um só destino podia eleger-me a mim próprio e, comigo, mil priviegiados que, diziam como ele, ser meus irmãos? Compreendia, compreendia o que eu queria dizer? Toda a gente era privilegiada. Só havia privilegiados. Também os outros seriam um dia condenados. - Albert Camus Tribunal. No banco do juiz, o Recusante; em volta as onze outras figuras do autor são os jurados; o autor está no banco do réu, no centro da sala. O livro caiu da estante. É acusado de não apreciar o que tem. Ao que o autor retorquiu: Se queres tanto ficar conhecido pela tua inveja, faz o favor. Tu sabes que a inveja é só outra palavra para ambição. Assim falou Zaratustra. Isso não é verdade! Eu trabalho para as coisas! Tu reescreveste um livro como saída de emergência para o labirinto decadente em que te enjaulaste. O fio de prumo sempre este ao teu lado para seguir. Ti