Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2015

rant #a(r)(c)tual

eu acho (quão kantiano) que os limites da arte são os precisos borrões entre forma e conteúdo que nos afectam. que deixamos de ver na pura forma a forma que é pura para se deixar contaminar de um conteúdo incerto, transversal ao pensamento vigente ou ao artista que pinta, qual influxo auto-biográfico in ars, e esse conteúdo extravasa e contamina a forma. picasso na verdade pouco passa de rabiscos a que chamámos impacto, e dada elevou as decorativas sanitárias invertidas (quais anticrísticas) à forma artística. que mais? os limites (formaconteúdo) são o isco para os nossos dois peixolhos no marseu, não expressos transtornam a experiência da arte numa experiência da alucinação, num entrar em obra, como se passeássemos ao luar da noite estrelada de van gogh por momentos, reduzindo o nosso mundo às formas, um como-se do mundo na arte. mas não deixa de agir por pôr em diferença: o como se é comparativo, entre a forma da arte e a forma da actualidade, onde o conteúdo preenche a lacuna e t

(ar)ruína

verte a tinta da pena para o copo meio vazio,  versos que foram feitos para se partir  reversos da escrita, a simples mentira de viver,  segundo a qual passas a crer  amarrado da vida à arte, qual rasto de humanidade  não reduzas nem sublimes uma à outra  todas as hipnoses são iguais.  tatuar pecados um no outro  meios de um fim ainda por recomeçar.  viver-arte. respirar-te.  o amor mancha a pureza com palavras,  mostra-me a ruína por detrás das rosas,  não escrevas a sangue os teus medos, deixa-me sará-los.  cravos em pistolas disparadas à liberdade.  sou uma ruína e vou arruinar-te.  não vou negar a visita às ruínas deixadas em mim.  dá-me a mão ao pôr-do-sol.  vamos desbravar cemitérios de chaves,  dançar em volta daquelas que falharam a abrir corações.

"sunrise angel page unavailable"

tomara que ideias fossem comprimidos, mas são pontos. cicatrizam feridas, deixam um fio de fora. começas a puxar e a puxar, vês a cicatriz vomitar sangue, como os olhos às lágrimas. intermináveis pontes entre génese e a concretização que as finda. êxtase é o entretém. eriges guilhotinas para decapitar o fim, para que não ressurjam, sem sucesso. pensar, efectivar, olvidar, onde olvidar é deixar cair no emaranhado de tecidos cutâneos da vida. tão profundo quanto denso, nada elástico, sempre extenso pôr-depois-do-fim. enterras os restos, os feitos. montas cavalos alados e corneados mas sais do cemitério pé ante pé. chaves são ideias para corações sem contraste. cabisbaixo mentecapto, o crepúsculo é a aurora em marcha-atrás.

kilos.

cristalizámos diamantes para tornar sonhos carvão. disparámos foguetes para caírem nuvens de granizo. estilhaçam-se luzes como espelhos. puxo uma cadeira, deito-te na mesa, rebolas para o chão. corri mas não fugi, tropecei a cada golpada nas pernas. tossíamos desespero, agarraram-te o cabelo. linhas brancas / negras tatuagens. brota sangue, desabrocham poças de lágrimas. caem as estrelas quais vitrais da noite, estico a mão e corto-me sem te agarrar. o espelho que rompes sou eu. pó recortado no vidro partido, chão de um, pão de muitos, sonhos nossos. amar é grátis sem reembolso. tens os comprimidos que preciso, ignora deus, tabaco, cheiro, absinto, nada me leva à alma. não censures a espera. só o absinto não quebra ciclos.