rant #a(r)(c)tual

eu acho (quão kantiano) que os limites da arte são os precisos borrões entre forma e conteúdo que nos afectam. que deixamos de ver na pura forma a forma que é pura para se deixar contaminar de um conteúdo incerto, transversal ao pensamento vigente ou ao artista que pinta, qual influxo auto-biográfico in ars, e esse conteúdo extravasa e contamina a forma. picasso na verdade pouco passa de rabiscos a que chamámos impacto, e dada elevou as decorativas sanitárias invertidas (quais anticrísticas) à forma artística. que mais? os limites (formaconteúdo) são o isco para os nossos dois peixolhos no marseu, não expressos transtornam a experiência da arte numa experiência da alucinação, num entrar em obra, como se passeássemos ao luar da noite estrelada de van gogh por momentos, reduzindo o nosso mundo às formas, um como-se do mundo na arte. mas não deixa de agir por pôr em diferença: o como se é comparativo, entre a forma da arte e a forma da actualidade, onde o conteúdo preenche a lacuna e traduz o mundo no filtro da arte. passamos a imaginar uma torre eiffel sob o po(n)deroso céu vangoghiano, as caras dos nossos amantes cubistificadas. é uma nova forma da arte que já não segue éticas ou regras e serve o seu próprio propósito. ouvimos sinfonias kandinskianas na palma dos nossos olhos. perpassa e deixa passar, considera arte o que tiveres de considerar, mas apesar das drogas, não deixes que ela te drogue, mantém os limites, a sanidade, diz a sociedade, é a distinção entre realidade e ficção. viver poético era o de quixote.

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