No Berço de um Órfão

Quão animalesco é viver para construir propósitos?,
de nós sobra o que não nos resta, só tristes moléculas.

Criámos o paradoxo de desabrochar em algo que desconhecemos,
vomitando-o à nossa medida de passos numa história.

E que epopeia seria esse nosso rito de destinos!
Romance da tristeza de existir, ou realismo irónico
que é ser-se para não ser.

Para quê a liderança alheia, quando nascemos sós,
paridos a gritar de um pavor contraditório:
da segurança do escuro-quente para a incerteza da luz-fria.

Adormecemos neste berço de órfãos, sós e cogitantes,
no arrulho gelado de saber, no paradisíaco coma de fingir.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Estalactite

Antígona de Gelo

Furacão de Esmeraldas