Com que então, o Sábio // Verlaine

 Com que então o Sábio, banido
Por ter amado as coisas,
Tornado prudente ao infinito,
Sem inquietações tediosas,

Além disso, voltado ao Deus
Que fez os olhos e a lâmpada,
A honra, a glória e os ateus,
Cuja alma o candor seduz,

O Sábio pode, doravante,
Assistir aos pecados do mundo
E seguir a canção do vento.
E contemplar o mar profundo.

E segue, calmo, e passa
Pela violência das aldeias,
Como um pobre na Ópera,
Cansado de ver danças feias.

O mesmo, — e por acalmar
O orgulho, que lhe enviuvou a alma,
Ao passado tem de regressar,
A este passado, como a um fluxo calmo,

Vai lembrar-se da erva nas margens,
Vai escutar o dilúvio que chora
Sobre a felicidade morta e os erros
Que vão suceder a esta hora!...

Vai amar os céus e os campos,
A bondade e a harmonia ordenada,
E será doce, mesmo com os ímpios,
Por fim, a sua morte seria abençoada.

Dedicado e nunca exclusivo,
Será a partir do dia de agora:
O seu coração, verdadeiro contemplativo,
O trabalho dos homens conhecerá.

Mas quando voltar das paixões,
Virá cauteloso nas personagens,
E a todas as vossas civilizações
Vai sempre preferir as paisagens.

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