A Minha Bela, Obscura e Retorcida Fantasia

Se Ulisses e Páris se dessem todos bem, 
Havia flechas a voar pelo fim deste ano.
Parece que Tróia montou um cavalo contra mim, 
Cada vez que estou na rua oiço -

Aproxima-te, criança, cala-te de uma vez por todas, e ouve bem:
Tu podes pensar que já espreitaste o que havia a ver, mas não te enganes.
Aquilo que vês é a versão aguarelada, com os contornos do Principezinho,
E a aparência complicada da Máquina de Turing de madeira do vizinho,
Onde os bits parecem corresponder às imagens, e o conhecimento ao que emanas.

O que há no mundo, o verdadeiramente maquiavélico,
O que nunca foi retorcido e se manteve primogénito,
O beijo-dentada da boca do inferno que está pelo frio do Inverno
Foi mascarado há já muitos, muitos éons atrás,
Não fossem os pobres acusar-nos da paz.

Parece que tudo é louco e sentimental, mas o facto é melancólico e lacrimal,
Soluções obstinadas, adições entrelaçadas, ficções congeladas,
A vontade de comer mais sobrepõe-se a viver mais,
É impossível subir mais!

Nos electrodomésticos fazem amostras,
Só para as crianças sem os paizinhos,
O tecto repleto de heroína,
Os ímpios deitados no chão a espumar.
Vimos o diabo vestir bem uma vez.

E não é o inferno que nos separa,
Mas é o fogo que nos declara.
Mandei selos, beijei uma prostituta,
Acordei de sobressalto,
Olha bem para este palco,
Observa o trono, Paris.


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