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Não se escrevem histórias, vivem-se. Quando se relata, tornamos artístico ou criamos o próprio elemento de arte. Saber que este cigarro se vai afogar e que a satisfação não chega cedo é um exemplo.Vivi preso à esquizofrenia de uma ligação que pudesse voltar, para ver a morte contrariar-se e ver o rio Tempo banhar aquele corpo novamente.


Apesar de não pesar no corpo como a alma, a memória é o martírio mais obliterante. Lá, eu vivi o passado que florescia em múltiplos desertos e florestas, reguei rosas brancas e plantei chaves como se escavam sepultura. Tinha o direito de desfazer o fio da minha vida em vários e enterrar os que correram mal - homenageando a leviandade. Transformar a monstruosidade irreversível em arte. A morte, como nascente, foi também o desaguar.
 Na minha face está toda essa multiplicidade.

Por trabalhados que sejam, os passados petrificam para que a constante medusa do presente os continue. Somos todas as estátuas e podemos esculpir o que já estatizou. Peso é ter história, mas se vou ter um passado, quero que seja múltiplo.
 
PESO = (ÁGUA, FLOR, PEDRA)


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