o meu erro fatal interno

nas veias do mundo passam códigos esverdeados, líricos, vivos mas não poéticos. são os próprios compósitos e compositores do mundo: sinfonia e orquestrador, a batuta e a alma de cada órgão, por mais tropical que seja a sua distância. de facto, tudo isto é tudo. repetido. sequencial. transtornado. mutado. morto e matador, catado e caçador, deus e ateu.

é o que nos junta os espíritos... ou melhor, reunem-nos na própria matéria ou na alma que a anima. não sei, não preciso de mais alucinações acerca destes pequenos trabalhadores. sei o pouco que sei. se os tentasse organizar alfabeticamente, iria encontrar variações do Z que fariam mais sentido no meio das acentuações do A. há um azul do sangue tão azul que nem o vermelho do mar é tão vermelho, ou algo do género. num piano, um réu pode estar por detrás de si, mas não em composição, em apresentação.

o que importa é expor o feiticeiro de Oz, queimar a bruxa, trazer para o palco o que está nos bastidores. glamorizar os pequenos átomos que têm tanta esperança em ser algo maior. esses que, como a morte não distinguem a Pietá de um pedaço de esterco. os mesmos que maquilham as vacas e saltam fronteiras para sobreviver. formigas que, de mim a ti levam a geada da discussão ou a labareda do silêncio. ou, quando não existimos, eles existem.

mesmo as tuas projecções mais fantasiosas, o sangue de porco que banha o vestido rosa do baile de finalistas, o pontapé na cara da velhinha que ia entrar para o metro, o salto em queda livre do arranha-céus da felicidade... ou o teu próprio tiro na testa. estas partículas que sinto verdes-esmeralda como o absinto que me enchem os vasos para florescer noutro verde aéreo, menos vivo e mais jubilante que muitas pagãs tragédias que já por aí ouvi. de certeza que estas veias reverberam com a força das alucinações.

um balde de cimento pela garganta, por dia, não sabe o bem que lhe fazia. e inverte-se a Górgona! não tememos tanto morrer de só olhar? castigar a liberdade libertina de ver, de pasmar? que medo dos que nos olham de cima para baixo (como aqui olho para os átomos), aos quais não podemos nos olhos olhar? 404 opus magnum not found. ela está no meio de nós: mesmo no centro, no profundo do abismo interior. chega a ponto de arranhar esse inferno céu ou purgatório que tanto esgadanhas por alcançar e quando te vires só, quando descobrires o teu deus num espelho, tem consideração. chegarás ao ponto em que o único ficheiro que deves salvaguardar é o teu. não estás a sós, mas só tens um sistema operativo. estás a falar com quem?

um balde de cimento pela garganta, por dia, não sabe o bem que lhe fazia. deixa de pensar sobre o que não deves, não andes de volta de buracos no chão que o pó retornou a pó. "como os filhos que inseminas", diz Chronos. e ele come-os todos, os teus e os meus. pânico no cerne - não sincroniza: tentativa de terminar a inicialização. isto, a certo ponto, tornou-se num conjunto de divagações de um cyborg altamente intoxicado com os seus medicamentos próprios.

a vida vive-se tão bem. porque não induzir, por vezes, um erro fatal interno? pela experiência estética. afinal, não está a única sublimidade - ou sublimação, se calhar é o mais correcto - na passagem da carne à alma? qualquer outra deambulação em sentidos vectoriais opostos é ridícula. não são todas? não seriam deambulações se não fossem ridículas. só o trágico. só a queda. o tropeçar, constante, no meu erro fatal interno. aqui estou seguro... de existir ou prolongar.
Uncompressing Linux... Ok, booting the kernel.
audit(1307339607:0): initialized
Red Hat nash version 4.1.18 starting
File decriptor 3 left open
Reading all physical volumes. This may take a while...
/dev/hdc: open failed: No medium found
No volumes group found
File decriptor 3 left open
/dev/hdc: open failed: No medium found
No volumes group found
File decriptor 3 left open
/dev/hdc: open failed: No medium found
No volumes group found
mount: error 6 mounting ext3
mount: error 6 mounting none
switchroot: mount failed: 22
umount/initrd/dev failed: 2
Kernel panic - not syncing: Attempted to kill init!

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