A maldição.

Cada peça ficou onde caiu. Deixei os fios da discussão de vidas passadas suspensos, como um puzzle que ficou por completar. Mas uma fagulha do motor do avião bastou e peguei-lhes fogo quando comprava uma harpa. Saltei da frigideira para uma piscina de licor.

As regras de que todos os sonhos escapam. Um a um ilumino os tijolos dourados, que são dourados porque assim os pintaram. Os tijolos de uma história são o suposto para o absurdo, o como deve ser da pobreza de espírito de lentes desfocadas, para quem os caminhos bordados a ouro são falsas pretensões. E o absurdo é a lei do momento que leva terminar uma vida como se bate a cinza de um cigarro.

Pode ser que o caminho se desenhe em erros. Porquê o pânico face aos caminhos bifurcados se já estão pavimentados e é seguir? Não será difícil averiguar que Oz não é algures sobre o arco-íris, mas aquele caminho banhado a luz verde que por ali vês? Por vezes os focos de luz verde no céu podem estar certos e talvez tenhamos sido nós a errar por portas e travessas, duvidar do caminho, esse mesmo, que se desenha de erros.

Tira o pó à maçã verde e desfruta de cada dentada. É provável que o veneno esteja em todo lado menos lá dentro. Fecham-se as portas de antigas casas. Quebram-se os vitrais do espelho da iris. Os luxos passam a menos que ruínas. A maquilhagem das vítimas são cinzas dos seus suicídios. Os halterofilismos do queixo fazem do futuro um apetite.

Cada grama de raiva é mais um dente num sorriso. Não há maldição que se compare a estes conhecimentos. Ver tantos sonhos derruir tem-me encantado o corpo com electricidade. E brindo-lhes o perdão por ser uma palavra que não sou capaz de soletrar sem me rir a barrigadas.

Agora: atesta a glória alcançada pela perversão. O presente da minha simples e humilde presença. A balança para sempre condenada deste mundo. O sangue descer à lenha. As coroas oferecidas a porcos. E o que é tudo isso se não sensações ultrapassadas, passados históricos, lágrimas na chuva e poeira no vento? E porquê vangloriar-me da tua derrota se foste só mais um tijolo em que calquei o pé enquanto regressava a Oz? Só mais um oops, de uma quantidade deles.

Cada peça está onde caiu, onde espera renascer pelo sono, ligar-se ao real: suceder.



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