— tradução livre de um excerto do capítulo "Ithaca" do Ulysses de James Joyce

 O que é que na água fez Bloom, amante da água, fã da água, seu suporte, regressar à cordilheira?


A sua universalidade: a sua equidade e constância à sua natureza de perseguir o seu próprio nível; a sua vastidão no oceano da projecção de Mercator: a sua profundidade desatenta na trincheira de Sundam que excede as oito mil léguas; a inquietação das suas ondas e as partículas da superfície que visitam, por sua vez, todos os pontos do tabuleiro do mar: a independência das suas unidades: a variabilidade dos estados do mar: a sua calma quiescência hidrostática: a sua turgidez hidroquinética em marés vivas e mortas: a sua subsidência depois da devastação: a sua preponderância de três para um sobre a terra seca do globo: a sua indisputável hegemonia que se estende em ligas quadradas sobre toda a religião por debaixo da linha subequatorial do trópico de Capricórnio: a estabilidade multi-secular da sua bacia primordial: a sua cama luteofulva: a sua capacidade de dissolver e segurar em solução todas as substâncias solúveis, incluindo milhões de toneladas dos mais preciosos metais: a sua lenta erosão das penínsulas e das ilhas, a sua persistente formação de ilhas homotéticas, penínsulas e promontórios que tendem para baixo: os seus depósitos aluviais: o seu peso e volume e densidade: a sua imperturbabilidade em lagoas e gaivinas de terra alta: a sua gradação de cores nas zonas tórridas e temperadas e frígidas: as suas ramificações veiculres em ribeiros contidas em lagos continentais e confluentes rios que fluem ao mar com as suas correntes transoceânicas, correntes de golfo, cursos equatoriais norte e sul: a sua violência em maremotos, trombas de água, poços artesianos, erupções, torrentes, redemoinhos, inundações, enchentes, inchaços, bacia hidrográfica, separação das águas, géisers, cataratas, vórtices, turbilhões, inundações, dilúvios, aguaceiros: a sua vasta curva circumterrestrial e pouco horizontal: o seu secretismo em fontes e humidade latente, reveladas por instrumentos rabadomânticos ou higrométricos e exemplificados pelo poço pelo buraco na parede do portão de Ashtown, saturação do ar, destilação do orvalho: a simplicidade da sua composição, duas partes constituintes de hidrogénio com uma parte constituinte de oxigénio: as suas virtudes curativas: a sua flutuabilidade nas águas do Mar Morto: a sua perseverante capacidade penetrativa em regatos, barrancos, barragens inadequadas, escoamentos a bordo: as suas propriedades purificantes, extinguindo sede e fogo, vegetação nutritiva: a sua infalibilidade como paradigma e paragão: as suas metamorfoses em vapor, nevoeiro, nuvem, chuva, geada, neve, granizo: a sua força em hidrantes rígidos: a sua variedade de formas em lagos e baías e golfos e angras e estreitos e lagoas e recifes e arquipélagos e sons e fiordes e canais e estuários de marés e braços do mar: a sua solidão em glaciares, icebergs e cubos de gelo: a sua docilidade no trabalho de rodas de moinho, turbinas, dínamos, esta hidráulicas, centrais hidroeléctricas, destilação química, curtumes: a sua utilidade em canais, ribeiros, se navegável, docas que flutuam e sepultam: o seu derivável potencial quando se arreiam marés ou cursos de água, caindo de nível para nível: a sua fauna e flora submarinas (anacústica, fotofóbica), numericamente, se não literalmente, os habitantes do globo: a sua ubiquidade ao constituir 90% do corpo humano: a nocividade do seu afluente em pauis lacustres, pântanos pestilentos, a flor de água desbotada, as piscinas estagnadas no quarto minguante.

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